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República do Caústico

Sobre a morte das portagens e das portageiras

10.08.10, João Maria Condeixa
Ontem foi o dia em que as portagens morreram para mim. Até então vivi a imensa esperança de vir a encontrar um anjo da Victoria's Secret a pedir-me o talão, enquanto me perguntava de forma inteligente e simpática se podia voltar a passar por lá amanhã. Dirão que combinação tão perfeita é uma utopia. Dirão que a possibilidade de encontrar tal diva é microscópica e que a dela querer que eu lá voltasse nanoscópica seria. Mas eu vivia assim, na expectativa, sem via verde, e abrindo o sorriso à medida que me aproximava da cabine esverdeada.

 

Ontem apanhei um andróide rôxo de voz artificial, sem sensualidade nenhuma e que não me brindou sequer com o mau-humor atraente de quem está há horas a aturar rapazinhos que quando não encontram a tal ninfa, fazem género e deixam cair um lamentado "Boa tarde!". Após puxar da máquina o recibo, apercebi-me que o futuro era hoje e que nunca mais iria encontrar "a tal" numa qualquer portagem deste país.

 

Amanhã arranjo uma via verde!

 

Entretanto uns desejariam que esta evolução não se tivesse dado, com o objectivo de evitar despedimentos, esquecendo que foi por esse salto tecnológico que tantos outros empregos foram criados. O que hoje se destrói nascerá amanhã sob outra forma, noutro canto qualquer, desde que o país e as pessoas não percam o ritmo dos tempos, pois caso o percam, será bem pior!