Simon says...

Mário Soares diz não existir alternativa governativa ao Partido Socialista, o que à primeira vista parece ser um pensamento totalmente redutor, pois parte da ideia que o espectro político é apenas constituído pelo PS e o PSD.
Se o mundo fosse como o self-proclaimed "pai da democracia portuguesa" o pinta, talvez tivesse razão: o projecto do PSD para governar Portugal em pouco difere do PS. Ainda que Pedro Passos Coelho seja alternativa a José Sócrates, a semelhança ideológica partidária não é de hoje, nem se vai esbater amanhã. É um problema de constituição programática dos partidos que o eleitorado terá de saber resolver por outras forças partidárias, caso queira apostar numa alternativa à via socialista.
Mas Mário Soares foi redutor intencionalmente. Sabendo que o eleitorado não irá, já, radicalmente, optar por outras vias para sair do centrão a que se habituou, ao dizer que não há alternativa ao PS, instigou, ou quis instigar o partido a reflectir. Não haver alternativa ao PS, não é o mesmo que não haver alternativa a José Sócrates. Mário Soares não é parvo, nem novo. Sabe que este executivo tem os dias contados e quantos mais dias continuar de pé, sem oposição ou pelo menos vozes dissonantes internas, mais dificuldade terá em emergir no futuro. Por isso tem de semear a crítica para que o PS e o seu eleitorado comecem a procurar, mas no seu próprio seio, alternativas a este executivo em vez de darem por contados os dias e baixarem os braços. Foi uma espécie de: "Mexam-se! Vão para fora, cá dentro!"
Mas ao que parece ninguém se moveu...
PS - E, via 2711, descubro que Vitorino não ouviu ou, então, se fez desentendido!