Quem estará preparado se a UE falhar?

A propósito deste último post, em que a imagem espelha apenas um pouco da violência que se vive na Grécia, lembrei-me que a minha geração e a seguinte talvez não estejam preparadas para uma UE falível a este ponto:
Hoje de manhã, à minha frente, seguia um autocarro cheio de putos numa viagem de estudo. Ao contrário da rebaldaria nos bancos de trás e dos pacotes matutano a voar de um flanco para o outro do meu tempo, a maioria estava muito arrumadinha nos seus bancos. Presos às PSP2 e aos telemóveis nem se faziam ouvir cá fora. Para eles a crise ainda não lhes chegou aos ouvidos e ainda bem. Quando tinha a idade deles também andava absorto dos problemas do mundo.
Mas lembro-me de alguns detalhes que entretanto se modificaram: a poupança fazia com que o meu almoço viesse sempre cozido pelo termo e que as joelheiras fizessem parte das calças que tinha herdado do meu irmão mais velho. Ninguém andava na rua mascarado de Cristiano Ronaldo miniatura, primeiro porque o bom senso e gosto imperavam, mas sobretudo porque isso significava um custo extra para lá do que a mentalidade não consumista permitia.
Depois choveram os milhões e milhões da Europa e num abrir e fechar de olhos as mentalidades passaram para um consumismo desenfreado. Vivendo para além das suas posses, de um dia para o outro todos quiseram ser patrões: quantos saíram de fábricas - que tiveram de procurar mão-de-obra estrangeira - para abrirem um café ou outro tipo de serviço? Quantos passaram a comprar tudo o que viam para si e para os filhos com recurso a crédito dourado? Sentiam a necessidade de dar aquilo que não tinham tido sem perceberem que no fundo estavam a entrar na espiral da hipoteca que hoje vivemos.
O dinheiro chovia e sentiam as costas aquecidas pela União Europeia, mas quem ficou mal habituada foi a minha geração e a seguinte. Daí que diga que talvez não estejamos preparados para um eventual falhanço. Mas e se ela falhar?