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República do Caústico

Até onde vai o suprapartidarismo?

05.05.10, João Maria Condeixa

 

Os poetas vêem as balas de outra forma, talvez por isso lhes dêem tão facilmente o peito, o que normalmente lhes sai caro. A Manuel Alegre não, dar o peito às balas tem-lo feito sorrir e ainda lhe trará a rosa aos pés. Mais poético? Impossível...

Outros, talvez por pertencerem ao domínios das economias, perderam o coração pela razão e escolhem outros caminhos. Mais tortuosos, mais calculistas, mas igualmente legítimos:

"Descuidam-se" nas intenções de veto que deixam transparecer cá para fora e medem o pulso ao eleitorado. Dão avisos sobre o TGV e as grandes obras públicas, mas depois dizem estar a generalizar para qualquer caso e país da Europa. Vigilantes e astutos não se assumem, nem criam ondas. Estudam terrenos. Partindo da direita assegurada, a dúvida é só uma: até que ponto da esquerda lhe é possível penetrar. E por isso vão fazendo testes, prospecção até que saia petróleo ou bata em rocha dura.

Cavaco não fala sobre eleições, mas já ninguém acredita que esteja a presidir sem segundas intenções. Logo quem...

Alegre tem, como Cavaco, uma candidatura suprapartidária. A diferença é que do primeiro se conhece melhor os seus limites que do segundo, que ainda os anda a estudar.