Alguém se lembra de Sócrates?
Mais impressionante que uma Montblanc não deitar tinta, é um ex-Primeiro-Ministro não botar faladura. Sócrates ontem na cerimónia da tomada de posse entrou mudo e saiu calado e ninguém se espantou com isso. O ex-PM malhou uns acepipes e de resto andou colado às paredes para ver se ninguém dava por ele. O momento de maior exposição foi mesmo indirecto, por via das filmagens que faziam à actual primeira-dama e que, em segundo plano, o apanhavam a ele. De resto, poucos quiseram saber dele e foi para o lado que o senhor dormiu melhor. No fim, todos os outros ex-membros do governo se pronunciaram, mas Sócrates preferiu sair de fininho, quase pelas portas dos fundos - e olhem que as portas dos fundos no Palácio da Ajuda são lá muito ao fundo! -.
Esta estratégia não é inocente. Sócrates quer sair da memória dos portugueses o mais depressa possível e o PS saberá ser conivente com esta atitude daquele que, neste momento, é uma péssima lembrança dos socialista junto do eleitorado.
Mas mal estará a democracia portuguesa se tão depressa se esquecer daquele que tantas vezes lhe mentiu para que ela lhe fosse favorável.