A independência não se vê pelo cartão
É mais independente Garcia Pereira com um partido do que Fernando Nobre sem nenhum.
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É mais independente Garcia Pereira com um partido do que Fernando Nobre sem nenhum.
O maior problema dos independentes é o seu prazo de validade. Ou porque, desiludidos com o mundo da política, saem e vão à sua vidam, ou porque, iludidos com o mundo da política, entram num partido e fazem-se à vida!
Fernando Nobre - talvez o futuro presidente da Assembleia da República - leva a coisa ao extremo, não se percebendo muito bem se continua um independente, se apenas um dependente. É que, contrariamente ao que hoje é dito, a política não vicia pelas mordomias ou vencimentos - por essa prisma até julgo que repele mais do que atrai - mas sim pelo poder. E para lá chegar, Nobre, tem-se tornado um mercenário sem igual, tão à luz daqueles que habitam os cenários terceiromundistas por onde andou com a AMI.
Sócrates no encerramento do congresso mostrou não saber para que lado se virar. Então, Luís?
Só agora vi partes do congresso do PS. Pode-se dizer que tive um fim-de-semana descansado, portanto! Disseram-me que estava meio vazio, mas pela composição da sala quase aposto que encomendaram autocarros de gente para este encerramento. Só tive pena de não ver as lágrimas de Sócrates - olha que belo título para um livro! - e aquelas intervenções que fizeram deste congresso dos socialistas um quase congresso do PSD.
Luís é o responsável por Sócrates se ter aguentado tanto tempo e ainda assim ninguém sabe quem ele é.
Um pedido de ajuda externo tem custos certamente menores que aqueles que trazíamos de cada vez que íamos aos mercados financiar-nos. Para já hipotecámos em créditos apenas a geração que aí vem. Mais um pouco e teriamos recorrido ao fundo de estabilização financeira da Segurança Social, antecipando a sua insustentabilidade e hipotecando a geração de hoje e aquela que se prepara para "ir".
Por muito que custe uma ajuda externa, ela não se propõe a hipotecar o futuro e o presente desta maneira. E essa diferença importa.
Antes do FMI, ao Luís, pois claro..
Gosto daqueles que dizem que Bagão Félix violou o segredo do Conselho de Estado. É sinal que ele deve estar a dizer a verdade, caso contrário não se indignavam tanto. É que Sócrates ao afirmar que não tinha sido feita qualquer referência a um empréstimo intercalar no Conselho de Estado também quebrou o sigilo a que se comprometeu. Só que como está a mentir, não faz mal e por isso com ele ninguém se indignou!
Sócrates devia ter respondido que não podia falar sobre o assunto, escudando-se na prerrogativa do órgão. Mas, não só versou sobre o conteúdo da reunião, como lhe fugiu a boca para aquilo que tem mais apetência: a mentira!
Tomás, acho que é mais isto que o aflige e não tanto o delato no bar do cais, que não foi mais que a reposição da verdade, ao que parece.
Depois há ainda aqueles que dizem que o Primeiro-Ministro "não confirmou", em vez de assumirem que ele terá negado, na leve esperança de mais uma vez o conseguirem ilibar. Esses são de rir!
Os portugueses gostam de enganar o Estado, sobretudo quando for ele próprio a pedi-lo, para poder depois enganá-los a eles. Eu explico tamanha complexidade: ao formular uma pergunta daquela forma sobre os recibos verdes, o Estado está a pedir aos portugueses que respondam ocultando a verdade, considerando legal aquilo que é ilegal, para depois poder ser ele a ocultar a verdade nas estatísticas e pintar uma realidade bem mais risonha. É, pois, uma espécie de peneira comum e colectiva para a qual todos contribuímos para tapar o Sol. É o português no seu melhor.
Os portugueses são uns beatos conservadores de dia, uns progressistas de pacotilha à noite e uns hipócritas a toda a hora. Só isso explica que apesar de orgulhosamente termos sido dos pioneiros na aprovação do casamento gay tenhamos agora reservas e pudismos "politicamente correctos" quanto à invasão da esfera privada de um casal gay ou heterossexual unido de facto, mas nenhuns se a esfera já for de um casal tradicional.
À pergunta "com quem dormiu no sofá a noite passada?" todos deverão responder à excepção do senhor gay aí ao fundo e a menina lésbica da primeira fila. Todos os outros façam favor de apresentar declarações o mais exaustivas possível.
(continua...)