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República do Caústico

O café a quem o trabalha

19.04.11, João Maria Condeixa

Trabalha que nem um cão. Serve à mesa num pequeno restaurante, um café, quase, cujo nome não pronuncio, não vá um sindicato fechá-lo junto com a ASAE e eu ficar sem as suas iguarias. Diz-me que já teve um restaurante seu, mas que com a quebra de clientela, as avenças obrigatórias, as responsabilidades de empregador, os impostos e outras asfixias, fez as contas e preferiu vender e passar a trabalhar para outrém. Não se arrepende.

 

Foge à lei laboral para poder sustentar a sua família. "Doutra forma seria impossível comprar pão lá para casa". Assim, trabalha das 7.30h às 19h com pausa - não é hora, nem hora e meia - para almoçar. Mas também não se arrepende e todos os dias o vejo incansável e de bom humor.

 

Em traços rápidos percebe-se umas coisas com esta história: que o Estado educou mal os cidadãos, pois é raro cruzarmo-nos com aquele que não se queixa, que não reclama direitos, mesmo em época de crise apertada, em vez de ir à luta, ou que coloca a totalidade da culpa no Estado - e com isto não digo que ele não a tenha em parte -. Depois, percebemos que o Estado ajudou a arrasar uma empresa e postos de emprego graças à sua omnipresença e omniemprendedorismo. E por último, percebemos que o Estado, não deixando cada um decidir por si a sua capacidade produtiva, arrasta para um submundo paralelo uma classe trabalhadora que poderia dar a cara e sustentar os seus, fosse a lei laboral mais flexível e ainda assim compensadora para empregado e empregador.

Os moralistas da liberdade e da cidadania

18.04.11, João Maria Condeixa

 

Ficámos a saber pela entrevista de ontem, que aprende rápido, que tem experiência em liderar equipas e gerar consensos. Um chorrilho de lugares comuns que qualquer gestor de recursos humanos está habituado a engolir em entrevistas de emprego. Faltou explicar que independência é essa que o faz pular de partido em partido sempre sob a prerrogativa de um conceito que vai desvirtuando ao ponto de já me estar a enjoar: a cidadania.

 

A forma como o usa para justificar uma independência que parece uma dependência ou para apregoar uma liberdade impoluta que para ser atingida por qualquer outro homem, obrigará este a nascer duas vezes, insulta a política e, indiscriminadamente, qualquer político. Pela forma como o faz, mais parece que qualquer outro que tenha tido contacto com o poder político, por ele terá ficado para todo o sempre conspurcado.

 

Desconfio deste tipo de moralistas e de homens romanticamente livres e mais ainda daqueles que se dizem mais livres que qualquer outro ser. Desconfio, sobretudo, quando os vejo, desesperadamente, a tentar chegar à prateleira de vasos que tanto criticam.

"A mim ninguém me cala!" um mês depois

15.04.11, João Maria Condeixa

Da mesma forma que os joelhos da minha vizinha adivinham chuva, também os imperativos de consciência de Pacheco Pereira me fazem antever sempre qualquer coisa. Não sei muito bem o que é. Se soubesse abria um consultório astral e, em vez de uma bola de cristal, usava-o a ele. Mas algo está para acontecer sobre o PSD.

 

Só isso explica que só passado um mês de ter recebido esta estranha SMS, se tenha lembrado que tem consciência e que ela é livre. Pacheco Pereira ou prevê uma derrota social-democrata e está a distanciar-se ou quer alguma coisa e está a negociar ou, então, quis qualquer coisa e está a vingar-se, pois de resto, não conheço nenhuma consciência livre que trabalhe ao retardador!

 

PS - que fique claro, no entanto, que estou de acordo com ele quando diz que os portugueses deviam exigir saber o que aconteceu naquelas 48 horas, pois alguém está de facto a mentir. E para mentiras já nos bastava as de um..