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República do Caústico

Hoje é dia de..

08.03.11, João Maria Condeixa

 

Porque as datas se acumulam e me fazem lembrar o que de carnavalesco existem nestes dias internacionais. Porque é dia da mulher e porque com ele se celebra a igualdade de género e a bigodaça nos faz mais parecidos. Porque também é carnaval e é dia de máscaras. Porque este dia não é só das bonitas e das siliconadas. Porque "mulher" é o que está por dentro e é essa sua parte que é vítima de desigualdade.

 

A minha ex-colónia é mais democrata c'a tua!

07.03.11, João Maria Condeixa

Hoje a manif em Angola acabou por não o ser. Mas foi o suficiente para lembrar o Ocidente, nomeadamente Portugal - não sei se até o professor Marcelo -, que aquele país também não prima pela democracia. Faz-lhes bem refrescar a memória, não acordem um dia destes muito espantados com o sucedido, tal como acusam alguns de ter feito em relação ao Egipto e a quem, expeditamente, apontam o dedo.

Pelo reino de David (4)

05.03.11, João Maria Condeixa

[post anterior]

É dia de dar o salto ao outro lado do muro! A curiosidade em descobrir a Palestina e aqueles que a habitam adia a descoberta da restante Jerusalém e o pequeno-almoço é tomado nas portas de Damasco, sob o súbito impulso nervoso de quem, há segundos, se propôs a desbravar um território que aprendeu a temer e a olhar com estranheza. A ansiedade invade-me o corpo e a falafel com húmus e sopa de grão-de-bico, que já de si é indigesta o suficiente para ser tragada às seis da manhã, é rejeitada à medida que sonho sobre o que irei encontrar do lado de lá.

 

Israel é seguramente o único país do mundo a receber o inimigo para, diariamente, ali vir trabalhar. Quero saber como o fazem e por onde passam. Não quero nada de turístico ou politicamente tendencioso - nem para um lado, nem para o outro - e pergunto se existem autocarros para Ramallah. Lá me explicam onde tenho de apanhar o 18, um autocarro (sherut) verde palestiniano que faz Jerusalém-Ramallah em meia hora por seis shekels e meio.

 

A Nablus Road onde pergunto pelo 18 está vigiada por soldados israelitas de M16 a tiracolo e apoiados por um carro de combate. Naqueles autocarros já só entram palestinianos. Os Israelitas não querem, nem podem entrar. Eu compro o bilhete e sento-me no primeiro lugar vazio que vejo. Os presentes, estarrecidos, olham-me em silêncio. "Deve ser por ser turista" - penso para mim. Nisto, a rapariga que estava ao meu lado levanta-se e troca de lugar com um rapaz que, só de olhar e sem palavras, me explica o erro que cometera. A partir dali só homens ao lado de homens. Lição aprendida.

 

A viagem até Ramallah é rápida mas carregada de uma tensão produzida apenas nas minhas glândulas. Todos os outros agem com naturalidade, inclusive, tal é o hábito, quando chegamos ao muro de betão gigantesco que divide os dois povos.  Parar no checkpoint estaria reservado apenas para a viagem de regresso. O cheiro das especiarias árabes carrega o ambiente e lá fora o pó branco calcário encobre aquilo que ameaça ser a capital do território palestiniano. À entrada da cidade, o caos e , frenesim típico daqueles povos. Sem ordem, tanto vendem na estrada, como nos passeios ou nas lojas, azeite feito na hora, pão pita cozido no segundo ou carne de vaca pendurada, por inteiro, ali bem à nossa frente e por entre as moscas e o dióxido de carbono dos escapes. Chegado à praça principal oiço um "You're most welcome here!" vindo dos pulmões das crianças que, empoleiradas na estátua que faz a vez do Marquês de Pombal lá do sítio, teimam em não prestar atenção à balbúrdia de trânsito que gira à volta da rotunda onde escolheram vir brincar. Olho para todos com quem me cruzo. Nem uma única mulher me fita os olhos e todas viram a cara à minha objectiva. Nas montras, a mistura do tradicional com marcas ocidentais divertem-me pelo inesperado que constituem. O barulho é ensurdecedor e só encontra rival dentro dos cafés onde os velhos discutem em árabe enquanto fumam cachimbo de água. Mais uma vez oiço em inglês - parecendo frase da praxe decorada - que sou ali muito bem-vindo, embora a minha máquina fotográfica os intimide ou provoque até. A capital palestiniana é pequena, desarrumada, pobre e estranha para um Europeu. Em nada se parece com o povo Israelita que é organizado, metódico, ocidentalizado e economicamente muito mais desafogado. Passar aquela fronteira é mudar de continente e de civilizações.

 

Se nos deixa boquiabertos Israel deixar entrar nos seus limites o inimigo para trabalhar, não deixa de ser verdade que a mão-de-obra barata, sobre a qual não têm quaisquer responsabilidades sociais, também lhes é conveniente. Nalgumas coisas há ali, naquela zona, um mutualismo que os noticiários não nos sabem transmitir, que nos surpreende e mantêm vivos os dois lados da barricada.

 

continua...

Fechou uma porta para uns dias de sossego..

04.03.11, João Maria Condeixa

 

O governo sofre de dois males para os quais nem o melhor druída deste mundo tem a cura: a falta de noção das suas responsabilidades e competências - insistentemente mantém a presunção de se fazer substituir à economia nas promessas que traça - e a comprovada incapacidade em executar as reformas - que é um defeito de nascença que se agravou com a maioria relativa, facilmente, comprovável através de todos aqueles recuos, derrapagens e reavaliações que até agora só resultaram em nados-mortos -.

 

Hoje até a maioria do eleitorado português, inclusive aquele que caiu na esparrela da promessa dos 150 000 empregos, sabe e reconhece esses males, pelo que é de estranhar que a senhorita Merkel se constitua refém da ilusão, à imagem da inocência angelical de um PSD em vésperas de PEC. Se fez aquele número de "spin" á la Sócrates para "os mercados" e para consumo interno português, foi porque alguma coisa ganhou em troca. Merkel ganhou poder e um trunfo fatal:

 

Merkel sabe que residirá na execução das reformas o ponto-chave para Portugal melhorar, mas também sabe que este governo não tem essa capacidade. Ao alertar para isso, basicamente, terá dito: têm tudo para o fazer e contam com todos para dar a volta. Não conseguindo, escusam de vir novamente bater a esta porta.

E Sócrates, por mais um balãozinho de oxigénio hipotecou novamente o país.

A beleza das mulheres viperinas

01.03.11, João Maria Condeixa

 

 

A mulher foi feita para o corte e costura - não, femininistas deste mundo, não falo de lides domésticas, por isso escusam de me vir acusar de machismo -. Falo da língua viperina que gostam de desenrolar sobre os outros, sobretudo em grandes eventos, como foram anteontem os óscares. É uma questão de consultar facebooks, twitters e blogs - este aqui e este e este talvez sirvam de amostra - para percebermos que as mulheres do mundo estavam com os olhos postos na passadeira vermelha de "óliude" e uma vontade do tamanho da Oprah para dizer mal!

 

Nesse aspecto é curioso que uma mulher cujo marido nunca a leva além da taprobana marquise na reboleira, por preferir ficar estirado no sofá a coçar a micose em frente a um jogo do "Glorioso", ainda sinta autoridade estética para desfazer as construções de alta costura da Dior ou Lagerfeld que vão desfilando recheados de corpos com "pernas até ao rabo" ou "mamas em ranhura para o cartão multibanco".

 

Todas se atrevem a cortar sem olharem para si ou para as roupas da zara, seaside ou do chinês que têm em casa. Mas ainda bem! Aquilo dás-lhe alma e algumas fazem-no com muita graça. Chego ainda a pensar que a qualidade da viperinagem é proporcional aos teores em progesterona - o que explica alguma da qualidade que também reconheço nalguns gays que gostam de comentar estas coisas -, ou seja, quanto mais viperina, mais balzaquiana fica a mulher. Eu próprio, ao fazer este post, acho que ganhei alguns tiques. Mas já me passa...

 

A viperinagem é pois, uma característica feminina e que serve muito bem como creme anti-rugas a algumas. E outra coisa é também certa: já vi croquetes melhor embrulhados que a Nicole Kidman na noite dos óscares. Por isso, continuem..

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