Um congresso não é uma convenção
Confio no projecto que o CDS guarda para o país, como sabem. Daí que não me espante que o rumo escolhido neste congresso seja, em grande parte, aquele que Portugal tanto precisa, hoje e no futuro. O CDS encontra-se mobilizado, unido e detém a alternativa programática e estratégica ao bloco central.
Só que o CDS terá de passar a aplicar para si aquilo que preconiza para o país, para que o crescimento que lhe ambiciona seja também o seu. Virar-se para fora, indo captar independentes, é imprescindível para que o projecto seja enriquecido. Mas deverá cuidar também dos de dentro: daqueles que se esforçam por permanecer até altas horas por falar mas que, após o desfile das ideias encomendadas, são ignorados pela direcção e demais congressistas; daqueles que aquém fronteiras e no estrangeiro pensam pela própria cabeça e fazem política de qualidade mas que, por estarem já fidelizados, são esquecidos ou passados para segundo plano; daqueles que dão o peito às balas mas que, quando ninguém dispara sobre o partido, são arrumados até a uma próxima oportunidade; daqueles que não aparecem só em vésperas de governação. Caso contrário, quando formos à procura desses, terão desmobilizado por falta de reconhecimento.
De resto, já bastam os problemas costumeiros dos partidos que, reféns das estruturas e do seu peso, hipotecam muita da sua liberdade e representatividade, do seu crescimento ou discurso.
O regresso a um congresso electivo poderá resolver parte destes problemas. É essa a minha esperança. O resto dependerá da atitude de todos.