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República do Caústico

Pausa para publicidade

18.02.11, João Maria Condeixa

 

A convite do André Abrantes Amaral e da Antonieta Lopes da Costa - obrigado aos dois - vou estar hoje com o Francisco Proença de Carvalho a discutir alguns dos principais temas da actualidade:

Moções de Censura - um prenúncio de morte ou um balão de oxigénio para o governo?

Egipto - depois de 18 dias de intensos protestos, Mubarak caiu a 11 de Fevereiro. Será este acontecimento a queda do "muro de Berlim" dos países do Médio Oriente?

Ministro Rui Pereira - depois dos blindados e das eleições - com pedidos de demissão - assistimos a uma nova trapalhada com a vigilância da costa portuguesa, agora feita à base de binóculos. Deverá por isso ser Rui Pereira um dos remodeláveis, esse trunfo que Sócrates vai tentando adiar?

Pacto de Competitividade - Merkel propôs medidas controversas para a uniformização das políticas fiscais dos Estados-membro da UE. É a única receita possível ou uma machadada na soberania?

 

Hoje às 18.05h e domingo às 19.05h (redifusão) em 90.4fm Rádio Europa Lx.

 

Um pavão na pateira

16.02.11, João Maria Condeixa

Eu vivo num país onde, entre a ida de Durão Barroso à Presidência da República e a chamada de urgência de Teixeira dos Santos ao Palácio de Belém, há tempo para um Primeiro-Ministro encher o peito e vangloriar-se com os números de 2010 ignorando por completo a retracção do último trimestre, que é prenúncio da recessão anunciada por muitos especialistas para o ano de 2011.

 

Como se as razões que levaram as outras 3 personalidades políticas a reunir não fossem diametralmente opostas ao seu optimismo. E enquanto José Sócrates quiser fazer este papel de quem não pertence a esta história, de quem está ali para lançar adornos, não há como levá-lo a sério. E também por isso deve ser contestado, pois esconder, atrás de uma cauda de matizes electrificantes, uma pateira de imundícies e dificuldades, também é mentir.

 

Querem exemplos das dificuldades que Sócrates teima em esconder? Taxa de desemprego atinge recorde histórico de 11,1%

Extremamente competentes na incompetência

15.02.11, João Maria Condeixa

Gosto de ver incompetentes declarados agirem, com toda a lata do mundo, como se a qualidade lhes transbordasse da alma. Gosto, dá-me gozo e chega a ser das melhores personagens cómicas que consigo identificar. Para aqueles que já estão a dizer "lá está ele a falar de Sócrates", lamento desiludi-los, mas não. Não estou sequer a fulanizar - haverá palavra mais pretensiosa que esta mistura de rasca com erudito no dicionário português? -.

 

Falo de uns arreigados incompetentes que existem por todo o lado e que passam a vida a lamentar-se do trabalho, das condições e da incompetência dos que os rodeiam, sacudindo o seus erros para cima de outros; ou daqueles seres pequeninos que se brigam, como as mulheres na apanha do buquê, pela coroa de louros que não lhes pertence; ou daqueles que vêm reclamar dividendos sobre o trabalho que não fizeram, como aqueles arrumadores que estendem a mão p'ra moedinha sem terem sequer encontrado o lugar ou ajudado à manobra.

 

Todos estes exemplos podiam ser José Sócrates e a sua postura perante a economia do país, mas não são Falo no geral, pois claro, de todos aqueles que fazem da incompetência uma manifesta arte!

Pelo reino de David (3)

13.02.11, João Maria Condeixa

(Santo Sepulcro, Igreja do Santo Sepulcro, Jerusalém, Israel)

[post anterior]

Continuo viagem por entre o cardume de pessoas que segue em contra-mão. Perco-me com os diferentes cheiros, cores e credos que compõem Jerusalém. Mais tarde, já dentro da Igreja do Santo Sepulcro, quando toco a marca que se diz ser o "Centro da Terra", tudo se torna lógico: a Terra gravita sobre o seu centro e quanto mais próximo estamos desse ponto magnético, mais densa se torna a nuvem destes electrões humanos. Todos diferentes, todos numa imensa azáfama e hipercarregados de energia.

E é toda essa actividade que quase apaga o impacto religioso da cidade velha. Percorro a Via Sacra sem falhas e por ordem, cruzando-me com multidões de japoneses a tirarem fotos e a carregarem cruzes de fantochada; entro, por instantes, no Santo Sepulcro depois de ter estado 3 horas numa fila que se empurrava, acotevelava e vilipendiava a cada segundo; subo ao Monte do Calvário, controlado por uns brutos monges gregos ortodoxos, para ver de fugida o local onde Cristo foi cruxificado; e desvio-me de visitas guiadas à entrada dos jardins onde terá sido a última ceia. Tudo fica à distância de uma centena de passos e raros, muito raros, são os momentos em que nos sentimos sozinhos. Os fiéis matam qualquer experiência de fé que se queira ter, já que com tamanho frenezim a introspecção se torna impossível e apenas se sacia a fome de curiosidade. A de espírito remete-se para mais tarde, já no regresso a casa.

 

(continua...)

É Portas quem marca o passo

11.02.11, João Maria Condeixa

A mais pura das verdades é que continua a ser Portas a liderar a oposição e a criar os momentos políticos:

Fê-lo ao dizer que era necessário um pacto de regime que constituísse um governo de 3 partidos e na altura todos o criticaram - eu próprio estranhei o anúncio - mas passados 15 dias a grande maioria dava-lhe razão e falava que era "premente" chegar a esse consenso.

E fê-lo agora com a moção de censura. Ao ínicio acusaram-no de histerismo governativo e ejaculação precoce - eu próprio não percebi o timming - mas passada uma semana todos lhe vieram roubar o discurso.

Xeque ao PSD

10.02.11, João Maria Condeixa

O BE quer capitalizar votos à esquerda com a queda do governo, logo não poderá ser aquele que directamente faz cair o poder nas mãos da direita - isto partindo do pressuposto que, qual bola de ping-pong, o poder lá irá voltar -. Mas na verdade também sabe que com este governo a situação está insustentável e que a qualquer momento poderá ruir. Ora como não pode ficar fora da corrida das moções de censura, o BE faz este semi-ultimato para colocar em cheque o PSD, obrigando os sociais-democratas a ficar com a decisão final e com esse ónus e responsabilidade.

 

O PSD, enquanto principal partido de oposição e vendo a pre-disposição geral do outros partidos, deixará de falar em esquizofrenia política e apresentará a moção de censura - e quando o fizer, o seu conteúdo terá de ser abrangente o suficiente para passar - e o BE poderá dedicar-se por completo à conquista dos votos da esquerda como não tendo sido o partido responsável pela viragem do país à direita, mas sem nunca ter saído da crista da onda!

 

Foi isto que o BE percebeu. Foi isto que o fez mudar tão repentinamente de ideias.