Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

República do Caústico

Um homem sem memória, mas cheio de lata

28.02.11, João Maria Condeixa

Vim a ouvir a TSF no carro a caminho do escritório. Quem falava era Teixeira dos Santos sobre os mercados e a dívida pública. Dizia que os mercados só pressionam a UE porque descobriram um calcanhar d'Aquiles que é a esta não possuir "mecanismos europeus de intervenção, de natureza federalista, como possuem os EUA". Que existem Estados Norte-Americanos em praticamente solvência, mas que ninguém os pressiona, por pertencerem a um bolo federal com mecanismos maiores que lhes permite essa defesa. E disse ainda que os mercados estão a exagerar agora, quando, em contra-ponto, tinham ignorado e adiado os sinais de crise.

 

O senhor que fez esta acusação foi aquele que descobriu a crise há meia dúzia de dias e que a negou até há bem pouco tempo, lembram-se? E pertence ao mesmo grupo daqueles que dizem temer a vinda do FMI por questões de ordem da soberania portuguesa.

Acatar ordens de uma instituição externa durante uns tempos é perigosíssimo e vergonhoso, mas ir, paulatinamente, transferindo poderes e instrumentos de gestão para a UE, até a tornar numa federação, já é um imperativo político. E o senhor nem se riu, garanto-vos eu, que estava a ouvir com atenção à espera desse momento. É preciso ter lata!


PS- a TSF faz 23 anos. Parabéns!

PS II - parece que também ainda teve tempo para prometer nova subida de impostos!

Óscares: vamos a apostas?

27.02.11, João Maria Condeixa

 

Director de Arte: The King's Speech - Eve Stewart (Production Design); Judy Farr (Set Decoration)

Melhor banda sonora: The King's Speech - Alexandre Desplat

Melhor Filme Estrangeiro: Biutiful - México

Melhor Realizador: The King's Speech - Tom Hooper (vence por um nariz a Darren Aronofsky- Black Swan)

Fotografia: The King's Speech - Danny Cohen

Melhor Actriz Secundária: Melissa Leo - The Fighter

Melhor Actor Secundário: Christian Bale - The Fighter

Melhor Actriz: Natalie Portman, claro! - Black Swan

Melhor Actor: Colin Firth - The King's Speech

Melhor Filme: Black Swan - Mike Medavoy, Brian Oliver and Scott Franklin

Aproveitamento fundamentalista islâmico

25.02.11, João Maria Condeixa

A Al-Qaeda fez-me agora lembrar o PCP que sempre que vê uma greve ou cheira um processo de despedimento, avança com o comité central em peso, munido de imensa solidariedade por aquele momento de luta, para a frente dos portões das fábricas.

 

Não descurando o trabalho de fundo que possa existir por parte da organização terrorista, é lógico que a Al-Qaeda iria aproveitar o momento. Kadhafi assim o proporcionou ao tentar colar-se ao Ocidente e empurrando todos aqueles que se mostravam contra ele para a barricada da organização fundamentalista islâmica. Era, pois, uma questão de tempo até virem reclamar esse exército.

 

Mal esteve o Ocidente, que ao ouvir tais declarações do Coronel amarelo-torrado, não se mostrou capaz de as negar veementemente e de recusar tal colagem e conquistar para si o barril de pólvora que sairá vencedor desta rebelião.

 

PS - daí que tenha sérias dúvidas quanto a ser a Al-Qaeda que tem estado por detrás do incêndio do Magreb.

Aflito para se aliviar

24.02.11, João Maria Condeixa

Guardo a ligeira impressão que Portugal deve estar a ser visto como um daqueles putos baixinhos, rabinos e travessos, que fartos de fazer merda o dia todo e adiando o mais possível o assunto, ficam à porta da casa-de-banho, de pernas quase cruzadas e mãos em concha sobre a virilha, batendo insistentemente para entrar à medida que a "aflição" vai aumentando. 

 

É que, aparentemente, vamos agora esperar até 24 e 25 de Março por uma cimeira que decidirá sobre a flexibilização do FEEF, o que poderá - desta vez é que é! - acalmar o nervosismo dos mercados sobre Portugal - esses que iriam respirar de alívio com a eleição de Cavaco -. Até lá vamos indo de leilão em leilão - o que é bom até porque os juros estão muito em conta - tentando adiar a "aflição" e combatendo veementemente todos aqueles traidores da nação que dizem que Portugal deverá pedir ajuda externa.

 

O que fica por responder é quem pagará todo este atraso imputado sobre o país. Quem pagará este ónus sobre as contas públicas e as hipotecas que temos constituído para o futuro, caso se venha a verificar, no final, que o pedido de ajuda é inevitável?

 

É que quando Portugal se for "aliviar", pode já ter estragado a bexiga, mas a Teixeira dos Santos o máximo que pode acontecer é perder o cargo!

"Os contribuintes portugueses morrerão como mártires"

23.02.11, João Maria Condeixa

 

Embora tenha tido azar com o dia escolhido, pois não chovia, pelo que não foi necessário um guarda-chuva a simbolizar o regime, José Sócrates dirigiu-se ao povo ao estilo do seu amigo/cliente de Magalhães, Muammar Kadhafi: "Não vou deixar esta ideia, os contribuintes morrerão todos como uns mártires" terá dito José Sócrates sobre a sua obra de regime, o TGV .

 

O homem conhecido por ser obcecado pela modernidade e pelo choque tecnológico disse ainda "Eu não sou um Primeiro-Ministro, sou o líder da evolução!" esquecendo que é responsável por um governo que tem binóculos a vigiar a costa em vez de radares e cujo último grito da tecnologia provocou umas eleições nada atribuladas. "...e se vierem a manifestar-se, serei bem capaz de lançar sobre vós os blindados - ah ainda não chegaram? - os submarinos - ah ainda estão para reparação? -  a PSP - o quê, não os há em nº suficiente? - bem, os meus Ministros Santos Silva e o Silva Pereira!"

 

Sobre a "geração rasca" que prepara uma manifestação para o próximo dia 12, Sócrates já terá afiançado que se trata de um grupo de jovens consumidores de leilões de dívida pública e de outras substâncias psicotrópicas, como por exemplo a música dos Deolinda, os principais cabecilhas dessa organização, que foram já identificados pela secreta que recebeu, justamente agora, um reforço financeiro depois de ter visto o seu anterior director pedir a demissão por cortes no orçamento.

Um prémio merecido

22.02.11, João Maria Condeixa

 

Dá para contar pelos dedos de uma mão o número de vezes que falho, ao final de um dia de trabalho, à saída do escritório, aqueles acordes do "Pessoal e Transmissível" na TSF. Desde que deixei de fumar agarro-me agora a outras coisas para combater o stress laboral e a guitarra e voz do programa de Carlos Vaz Marques são um substituto ideal. O homem que guarda a melhor locução, dicção e curiosidade da rádio portuguesa - os outros que me perdoem ou se mostrem - traz-me temas inéditos, fora do mainstream e personagens que têm tanto de ricas quanto, muitas das vezes, de desconhecidas. São diamantes que Carlos Vaz Marques faz questão de ir buscar às mais fundas minas e que ali vai lapidando e oferecendo aos ouvintes em fatias finas. O prémio de ontem da Sociedade Portuguesa de Autores foi mais que justo.

 

Ainda para mais consegue ser versátil ao ponto de me dar às sextas - infelizmente aí já falho mais - outro programa igualmente extraordinário: o governo sombra. A ele, Carlos Vaz Marques, os meus parabéns!

Nunca é demais recordar

18.02.11, João Maria Condeixa

"Ah mas a direita também não seria capaz de evitar a escalada do desemprego!"

 

Falso. Para dar cabo das empresas e do emprego já basta a crise, não é preciso pedir ajuda ao Estado. Mas, ao optar por esta política orçamental o governo escolheu matar a economia, aniquilar o consumo e a procura interna. Preferiu esbulhar por via da receita fiscal os contribuintes apagando os erros e escamoteando a despesa pública pela qual é responsável, sem perceber que o que arrecadava para os cofres do Estado iria sair pelo lado dos apoios ao desempregados a curto e médio prazo e por outros apoios sociais.

 

Quando, já no limite, as PMEs se deparam com o crédito mais restritivo - também resultante do clima de retracção de que os bancos se previnem - com uma sobrecarga fiscal agravada e uma consequente descida na procura, nada lhes resta muita vezes senão despedir e/ou fechar portas.

 

Daí que a direita queira poupar as empresas. Pois reconhece que cada uma que "poupa" é, pelo menos, um emprego que salva, um potencial - por microscópica que  seja a empresa - motor  quer está a preservar para ajudar o país no momento da recuperação e um apoio que o Estado evita dar.

 

O desemprego seria alto, mas não chegaria aos níveis a que iremos assistir durante o próximo semestre, fosse a direita que estivesse no poder.

Pág. 1/3