Sempre prontos a pagar
Não sei o que é pior para Portugal: se o aumento de impostos, se o conformismo estampado no rosto de cada um dos entrevistados nestes primeiros dias do ano. Dão-lhes merda para comer e eles queixam-se da falta de sal. Vão-lhes ao bolso e eles limitam-se a encolher os ombros e a dizer que o melhor é não fazer contas à vida. Ao microfone, no pouco tempo de antena que lhes dão, praticamente nenhum se queixou do saque via impostos. Resignados em frente à câmara, guardam a insatisfação, o desalento e a revolta para as conversas de café, de táxi, de cabeleireiro ou mesmo de casa - até porque a mulher é melhor saco de boxe que a menina bonita da televisão -.
365 dias a chorarem o voto errado, a escolha incorrecta, a insultarem os governantes e respectivas mãezinhas para naquele segundo abrirem o sorriso e dizerem um vazio: " pois, tem de seri. É a crise, né?".
Esquecem-se que os 5 cêntimos extra que hoje pagam por um café, sai-lhes do bolso, mas não vai para a caixa registadora do pasteleiro, nem para a do distribuidor do grão, nem mesmo para a do fabricante que o torra. Este dinheiro não servirá para estimular a economia, mas sim para alimentar a máquina estatal que ainda este ano lhes irá saquear mais, via IRS e deduções fiscais. Sim, a mesma máquina que em 2010 e em anos anteriores se queixavam de alimentar sem que dela sentissem vir qualquer retorno.
É quase trágico, que de um dia para o outro, com a passagem de ano, tenham esquecido essa injustiça e tão prontamente sorriam para câmara.