Alegre, o autarca
O último cartucho de Manuel Alegre é exigir que Cavaco Silva esclareça se fugiu ou não à Sisa. Isto é conversa de quem se está a candidatar à Câmbra de Murgunhenha-de-Cima!
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O último cartucho de Manuel Alegre é exigir que Cavaco Silva esclareça se fugiu ou não à Sisa. Isto é conversa de quem se está a candidatar à Câmbra de Murgunhenha-de-Cima!
Quando todos os candidatos rumam a Norte e às principais cidades - onde existem pessoas - à procura de votos na recta final, inversamente o PCP mergulha no Alentejo e por lá termina os seus dias.
Sabe que ali está o seu eleitorado e parte ao seu encontro para ver se não o deixa fugir. Aquilo que é uma bola de neve - o que é menos desenvolvido, não segura a população e por isso não concentra tanto a atenção dos políticos, o que, por sua vez, compromente ainda mais o seu desenvolvimento - resultou de uma opção trilhada há 30 anos e que espelha o estado a que o Comunismo conduz. Daí que onde ele hoje ainda existe, seja onde o atraso se mostra mais significativo
Prestem pois também atenção a este pormenor e não continuem nessa senda que é a morte do Alentejo e um prejuízo enorme para Portugal..
Garanto-vos que programas como o Ídolos cumprem mais o seu propósito que as campanhas presidenciais. Quem chega ao fim, goste-se ou não, mostrou os seus dotes vocais. Enquanto que nas presidenciais - não se julgue que só estas é que foram assim - poucos são os momentos em que os candidatos mostram ao que vão.
Primeiro por tal não lhes ser pedido: nas ruas o eleitorado que se cruza com os candidatos transforma-os, pelos pedidos que lhes faz, em Super Primeiro-Ministros. Para o eleitorado há os Presidentes de Junta, os Presidentes de Câmara, o Primeiro-Ministro e, por fim, no topo da cadeia alimentar, o Presidente da República. Este é o organograma que traçam de Portugal sem distinções de responsabilidades e competências. A todos fazem, praticamente, os mesmos pedidos e reclamações.
Daí que os candidatos, cedendo à tentação de absorverem a atenção do eleitorado, falem daquilo que muitas vezes não lhes compete, esquecendo, por exemplo, temas que lhes deviam encher os dias como a manutenção da soberania do Estado e dos instrumentos financeiros que a estão a pôr em causa - não o FMI, mas, por exemplo, a necessidade de levar à Comissão um orçamento para aprovação prévia -. Poucos foram os temas que focaram e que lhes dizem directamente respeito: ou mandaram para o ar declarações de interesse gerais ou prometeram aquilo que não lhes compete.
Ora se nem eleitorado, nem candidatos focam e valorizam os dotes para as ditas funções, talvez isso queira dizer algo sobre o confuso regime semi-presidencialista em que vivemos e que poucos parecem saber, ao certo, o que é.
Nem os mercados são a tal coisa abstracta, nem a democracia deixou de existir por causa deles. Julgava que já todos tínhamos aprendido esta lição depois de repetida vezes termos tido que corrigir José Sócrates.
Daí que argumentar ou instigar medo com base nas consequências que as nossas decisões possam vir a ter sobre eles, me surpreenda e me faça discordar, sobretudo quando vejo que é alguém como Cavaco a dizê-lo - alguém que tem mantido alguma sensatez sobre o assunto.
Só que pelos vistos as eleições dão a volta à cabeça de qualquer um.
Não podemos entrar a pés juntos como tem feito Teixeira dos Santos, aka Paulinho Santos do governo, mas também não podemos ficar seus reféns. E ameaçar nesse sentido é um mau princípio. Sobretudo para quem não tem necessidade de o fazer, pois com alguma segurança ganhará à primeira volta.
Hoje veio Fernando Nobre com a conversa do tiro na cabeça - ridícula, mas inocente -. Já o tiro nos pés foi dado por Cavaco Silva.
A Luciana Abreu teve um bebé - acho eu que é um bebé. Pelo nome é bem capaz de ladrar - e correu tudo bem. Esta parte é a boa notícia. A gravidez é que parece que foi atribulada. A criança sofreu do síndrome de Maria Albertina em último grau, que é como quem diz "em matéria de nomes de filhos nem as novelas brasileiras têm tão mau gosto". Não ponderaram sequer exemplos tão tradicionais como Vanessa ou Cátia Andreia e saltaram logo para os exóticos "Lucianny" - a fusão dos nomes dos pais - e coisas do género. Uma tômbola de parolice da boa, portanto. Finalmente, lá se decidiram com um - original seria um eufemismo - no mínimo estranho, "Lyonce Viktória", que em caracteres estrangeiros só encontra paralelo no nome do pai!
Os progenitores estão muitos felizes e a senhora da fotografia vestida de ferrero rocher - quer pelo tom do embrulho , quer pela avelã que leva no interior - já terá dito à comunicação social que se encontra muito feliz com a "menina muito branquinha e de olhos azuis" - que é quase o mesmo que dizer que a filha é do padeiro lá do bairro e não de Yannick!
Os portugueses, para desgosto dos pais da bebé, estão muito críticos em relação ao nome escolhido, o que também não se percebe já que o que não faltam por aí são erros de casting em matéria de toponomia humana. Até lá para os lados de Cascais a coisa não anda muito famosa: quem no seu perfeito juízo chama Pureza a uma filha, se a sua validade são apenas 15 anos - o tempo exacto até à rapariga encontrar o Bernardo, forcado de Montemor ou Santarém que lhe dará cabo do nome - ?
Como vêem isto de dar nome aos filhos não está fácil. Eu que o diga que sobrevivi ao terror da Primária com o nome que me deram...
Sr. Primeiro-Ministro estou cansado: 365 dias depois, lavraram-se 4 PECs, gamaram 2 gravadores à Sábado, mudaram 365 000 vezes de opinião - coisa pouca: cerca de 1000 por dia -, injectaram 5 mil milhões de euros no BPN que é qualquer coisa como 500 euros a cada contribuinte - antes limpar os bolsos de todos, que deixar cair os daqueles que lá o tinham! -, aumentaram em 3,3% o número de desempregados face ao início do ano, já de si negro, de 2010 - preferia quando criava 150 000 empregos numa frase - e fizeram-me escrever 618 posts sobre tudo isto e receber 576 comentários dos mais diversos quadrantes.
Tudo somado resultou em quase 62 mil visitantes que, como eu, ao se dedicarem a estas coisas desperdiçam tempo - and time is money - e não reerguem Portugal das cinzas. Mas antes mil portugueses deste género, que mil daqueles que ao trabalharem nos atiram para o precipício - não que eu conheça algum ou me esteja a referir a alguém em particular -.
Por tudo isto, ando cansado. Pare lá um bocadinho.
É verdade, 365 dias passam a correr, sobretudo quando o mundo muda a cada 15 dias. E, quem não é um às a dançar o vira, nem o corridinho, depois de tentar acompanhar tanta volta e reviravolta, tanta contradição e diz-que-disse, já se deve dar por contente por ter chegado ao fim de um ano sem ter de parar a meio para bolsar.
Foi o que aconteceu com esta República - a verdadeira bolsou mais que uma vez! - que neste seu primero ano de vida andou num virote a tentar perceber o rumo que levava o país real. Uns dias andou agoniada, outros mais aliviada, mas quase sempre encontrou nos disparates que na política se foram fazendo, motivos para se rir a bandeiras despregadas - expressão que só um dia entendi graças ao Ciberdúvidas -. A esses pranksters de serviço, o meu muito obrigado. Sem vocês isto não durava tanto, nem seria tão fácil.
PS - obrigado à Jonas e ao Pedro Neves que ajudaram a implantar a República - esta pelo menos -.
Se há coisa que o povo gosta é de discutir os políticos. Nada de políticas. A discutir o Homem é que o português está bem. Dos pêlos a mais que lhe saem pelas narinas e ouvidos, à decoração da casa que comprou no Algarve, sem esquecer as gravatas que usa, as galinhas com que se cruzou mundo fora, os dentes que não branqueia, o cabelo que lhe falta à frente, a profissão de operário que faz dele o candidato ideal, ainda que nunca mais a tenha exercido, a sofreguidão com que enfia bolo-rei na boca ou a forma como se declama si próprio e dispara purdeys sempre que vai às codornizes, tudo isto ao português interessa, suscita dúvida e gera discussão.
Por isso não percebo quando dizem que esta campanha está a ser desinteressante. Mais interessante para o português seria impossível. Discutiram-se livros de cheques, acções de empresas, publidade em revistas, fundos de maneio, contratos de promessa compra-e-venda, o vizinho deste e daquele e a prima do outro. Nada de política. Tudo acerca dos políticos. Foi uma verdadeira novela e isso, como prova o share televisivo, agrada aos portugueses. Vos garanto que seguiram cada episódio.
Por isso, apelidá-la de desinteressante é apenas um cliché a que os analistas se habituaram. A campanha, para quem gosta de política foi uma trampa, mas para o resto da malta foi do melhor. Até teve espaço para um tiririca lusitano!
Quanto ao voto, esse está decidido desde o primeiro momento: vai para aquele senhor de quem gostam mais!
Entre ir vender carros eléctricos a um membro da OPEP, como é o Qatar, ou acenar com pacotinhos de açúcar a um diabético venha o diabo e escolha! Vocês garantem-me que Sócrates falou no assunto sem ter sido saudado com uma salva de chumbo?
Julgo que era menos arriscado e produtivo ter ido directo ao assunto e falado logo da venda de dívida pública.
À velocidade a que estamos a vender dívida ao estrangeiro, xenófobo que se preze passará a sentir repugnância pelo dinheiro.