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República do Caústico

Diferentes acordares

22.12.10, João Maria Condeixa

De barba aparada, roupa lavada, guedelha penteada, estancava hirto à minha frente, em intenso exercício matinal.

Ia rodando os dedos da mão direita fossas nasais acima, bem acima. Primeiro o indicador, pornograficamente penetrado até aos confins do que o seu septo nasal permitia, e depois o mindinho, mais curto, mas nem por isso menos eficiente na remoção de toda a tralha que tinha ficado da noite passada.

 

De repente, o resto do corpo ganha vida e move-se, cambaleando até à faixa amarela da linha do metro. Contrariamente ao que a sua figura fazia prever, o álcool enche-lhe o peito e alma e dá-lhe a intrepidez de um Huno. Não o suficiente, no entanto, para tomar aquele passo seguinte e travar a batalha com a carruagem do metro que se aproximara.

Recuou, trôpego, mas imediato. Soluçou. Resmungou consigo e com o mundo e acordou. Provavelmente para mais um dia de trabalho.

 

Eu juro que não sei como conseguem!