Por estes dias a rapaziada do Bloco de Esquerda deve andar num excitex total. Não é todos os dias que à cadeira de "Desobediência Civil", leccionada anualmente nos encontros bloquistas, se faz uma visita de estudo. E sexta-feira promete.
Já os consigo ver no autocarro a caminho da Expo com Fernando Rosas na cadeira da frente no papel de professor liberal que, querendo disfarçar os brancos e cachimbo ultrapassado, fala com bués 'tás a ver? e só fica contente quando os putos lhe cobiçam o intelecto e dizem que o Stôr é um bacano! Ao lado, o Director da escola, Francisco Louçã, que só atura estas parvoíces para poder manter o lugar que tanto lhe custou em alcançar, é considerado pelos alunos o "Guevara" dos cotas, enquanto que para os colegas é mais um prick dos grandes. Sonha um dia poder ser o candidato presidencial da esquerda e atingir o escalão máximo, para depois se reformar e escrever um livro sobre a revolução que nunca fez, nem quis fazer. Lá atrás, mesmo na última fila, o repetente da turma, o rufia de serviço, Daniel Oliveira, vai chamando as miúdas para verem o que é uma ganza que roubou ao irmão mais velho, na esperança de com elas se afiambrar a seguir.
O fumo lá dentro vai alto e o humor crescente. No chão rebolam cocktails molotov feitos de mijo de gato, qu'isto de meter gasolina pode ser perigoso. "Ainda uma merda daquelas explode e magoa alguém e isso a malta não quer, man!" O calor aperta qu'isto de trazer ao pescoço, ainda que no Inverno, um Keffiyeh - ou lá como é que se chama aquela cena que o cota Arafat usava - não é fácil. "Mas a Palestina deve ser defendida e temos que lá injectar dinheiro com a compra destas cenas. Só a minha mãe tem 3 comprados por mim que usa com a mala Chanel comprada por ela", diz o benjamim do grupo sem perceber qual dos dois produtos contribuíra mais para o malfadado capitalismo.
E é esta rapaziada que gosta de brincar aos revolucionários que também irá aparecer na Cimeira. Tudo porque a NATO é ultra-liberal. E pouco mais sobre Defesa - " que também serve para promover a paz" - ou sobre segurança - "cujos agentes deviam andar desarmados" - ouvimos das suas bocas.
PS - afinal os meninos cancelaram a revolução