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República do Caústico

"Prontes, então é assim..."

30.11.10, João Maria Condeixa

Nada melhor do que ouvir logo pela manhã, na TSF, um "Prontes, então é assim...".

Esta conjugação lexical, tipicamente portuguesa, utilizada por gente "enstróida e inducada" precede sempre uma rajada opinativa sobre todo e qualquer tema.

 

E assim foi. O senhor que começou com o "Prontes, então é assim..." lá debitou tudo o que sabia sobre a "tabelete" da Apple que irá fazer as delícias dos portugueses este Natal. Quem fala assim nunca é gago, tem sempre orgulhosamente o "coração ao pé da boca" - 3 órgãos num só local, extraordinário! - é sempre muito directo - embora enrole, enrole e enrole - e é, acima de tudo, sincero e frontal. Pois o senhor queixava-se da crise e "prontes e tal", que este Natal ia apertar o cinto, etc....mas que até lá..."prontes!"...não tinha resistido e eram 9 horas lá estava à porta da Worten na ânsia de largar 699 "aérios" por esta "maravilha que já faz certas coisas muito melhor que os portáteis e outras que os portáteis ainda nem fazem!".

 

Esclarecidos. O senhor, para além de conhecer as luzes que aquilo manda e os sons que liberta, pouco mais sabe sobre o gadget a não ser que "fica fora" quem não o tiver. E isso é quanto baste. Isso é tudo.

 

Mandem vir mais mercadoria. Portugal tem malta desta a rodos..

Top Secret, mas não muito...

29.11.10, João Maria Condeixa

O que o WikiLeaks hoje denunciou sobre os líderes mundiais já a cabeleireira da minha mãe, o taxista que me leva ao Lux, o empregado de balcão da pastelaria onde almoço, o merceeiro da minha rua e o barbeiro que me corta o pouco cabelo que me resta, tinham praguejado há que tempos. Não foi novidade nenhuma. Desconfio que nem para os próprios.

As mais belas fardas do Hospital de São João

28.11.10, João Maria Condeixa

 

O fetiche é grande e praticamente universal. Não há homem que não sonhe entrar, combalido, num hospital perto de si para ser atendido, auscultado, encaminhado, apaparicado por uma enfermeira loira, esbelta, sorridente, inteligente e de seios comprimidos sob a farda que parece querer explodir a qualquer instante.

 

E se os momentos de crise não apagam estes laivos de predador sexual Neandertalensis, deviam apagar os hábitos despesistas que desde então o homem foi adoptando para seduzir, quanto mais não seja, financeiramente, o sexo oposto. - Calma, feministas deste mundo, que não estou a dizer que a culpa da crise é das mulheres ou dos homens bacocos e embevecidos por vós! -

Refiro-me, sim, à atitude esbanjadora de gastar um milhão de euros num novo fardamento no Hospital de São João, no Porto. Um milhão de euros para 4800 funcionários serem vestidos pela mão artística de Nuno Gama. Sim, porque o velhinho costureiro à esquina do Bulhão deve ter deixado o ramo e agora só estilistas afamados poderão tratar as nossas enfermeiras da inbicta.

 

Se fizermos as contas dá 200 euros por bata, o que me parece manifestamente exagerado. Ainda que cada um tenha três, isso representará 70 euros por cada uniforme, o que me continua a parecer caro demais para uma instituição que pode recorrer a uma fábrica directamente e adquirir o que pretende por, provavelmente, 10 singelos euros. Pagar 20 ou 7 vezes mais é desperdiçar preciosos recursos que poderiam ser canalizados para mais do que vestir pessoal, mas é, infelizmente, o espelho de uma mentalidade esbanjadora que irá executar um orçamento de estado que se quer profundamente rigoroso e controlado.

 

Um conselho: poupai. Até porque para a maioria dos pacientes masculinos, se para poupar, a saia tiver de ficar um pouco mais curta, não vem mal nenhum ao mundo.

 

PS - Faltou ao Público, estabelecer, numa prova séria de qualidade jornalística, um termo de comparação para percebermos o quão destorcida é a medida.

Aí vai um cheque em branco, Xôr Sócrates

24.11.10, João Maria Condeixa

 

 

Cortes salariais: PS e PSD admitem excepções nas empresas públicas. Ou não tivesse o PSD que acautelar anos de "ora governas tu, ora governo eu" e a grande maioria das empresas municipais deste país que controla.

 

Viabilizar, em sentido lato, a possibilidade de excepção a um governo que derrapa, mente e abusa, insistentemente, não é ingenuidade - e mesmo que fosse, mais pedidos de desculpas não se aceitam -. Viabilizar, sem acautelar concreta e objectivamente todas as excepções é puramente servir o interesse partidário, peditório para o qual Portugal já contribui há 30 anos. Depois querem ser alternativa.

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