O dia seguinte
Hoje já ninguém se lembra que isto é uma República ou que podia ser uma Monarquia. Só se lembram que está uma merda!
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Hoje já ninguém se lembra que isto é uma República ou que podia ser uma Monarquia. Só se lembram que está uma merda!
Não me dá especial prazer ver pessoas a chafurdarem em misturas de conceitos. Sobretudo pessoas cultas e vectores de formação. Mas face à pergunta "o que é para si a República?" é só o que tenho visto. Dizem que República é "liberdade", esquecendo que em 100 anos dela, 48 foram de ditadura. Que é "liberdade de expressão", esquecendo que, mesmo fora da ditadura, muitos foram os momentos em se brindou a opinião adversa com uma bala luzidia ou com o jugo do poder. Que é "desenvolvimento", esquecendo ou não querendo ver, que tantos países monárquicos caminham em direcção ao futuro sem os mesmos obstáculos ou complexos que nós. Que foi o "fim dos parasitas", não vendo que alguns dos titulares da nobreza estavam assim para a Monarquia, como estão hoje empresas e tachos públicos para a República.
Enumeram todos estes substantivos, esquecendo que por si só a "República" não é nenhum deles e que ainda que tenha uma boa ajuda, pode sempre vir a falhar, redondamente, a sua missão.
Um Republicano, tal como um Monárquico, não pode ser desprovido de bom senso e reclamar para o seu modelo qualidades que não lhe são exclusivas.
Até porque para os Republicanos poder ser representado por alguém que não é mais, nem menos que outros e acreditar numa sociedade em que nenhuma família, muito menos por direito divino - Deus tem muito mais que fazer! - é mais do que qualquer outra e que caso alguma vez uma família assim se comporte - a Soares vai-me odiar! - sabe que pode contar com um boletim de voto para a fazer regressar ao seu lugar, devia ser quanto baste! E que só por isso já devia viver a República. Simples.
Que os socialistas não sejam lestos a atacar Berlusconi nesta sua saída infeliz, pois têm por cá quem seja bem pior:
Gosto da forma como os comentadores e cronistas em geral apelidam as medidas do governo de "draconianas". Fazem-no agora, como há 4 meses atrás e pelo que escrevem, pela falta de esperança que têm na coisa - como é normal e compreensível - preparam-se para fazê-lo novamente daqui a outros tantos meses.
A esta hora deve andar o senhor a dar voltas na tumba cada vez que usam o seu nome em vão. É que "às leis" não basta escrevê-las.
Não fui aos U2. Não fui, nem devo voltar a tentar ir a nenhum concerto dos irlandeses. Sou o que se chama um traumatizado: há um ano e meio, com bilhetes comprados para o avião e para o concerto de Barcelona, tive de cancelar tudo a três dias de partir. Daí que não tenha sequer pensado em arranjar uma entrada e tão pouco tenha inveja daqueles que ontem e hoje vão a Coimbra bater o pé.
Mas nem por isso me tornei num daqueles moralistas da censura que, da esquerda à direita, ao mínimo vislumbrar do magote de gente que comprou bilhetes para o concerto, abre a boca para dizer: "..e ainda dizem que estamos em crise!".
Dos pseudo-liberais de direita, aos falsos anarcas de esquerda, passando pelos libertários-de-coisa-nenhuma, encontramos sempre quem tenha a mesquinhez de largar um petardo desses, esquecendo que as suas prioridades podem não ser as de outros e que quem comprou um bilhete para os U2 poderá ter liberdade financeira para isso e muito mais, ou então optou por cortar noutras coisas que não lhe fazem falta para completar a sua felicidade, como lhe fazem os U2 ou outros rouxinóis do género.
E quem comprou esses bilhetes com os olhos da cara, talvez não retire de uma camisa Ralph Lauren, de um charuto de Havana ou de uma prestação mais elevada por outra assoalhada, nada mais que o que retira de uma camisa da H&M, de um simples Marlboro, ou de um arrendamento modesto e por isso talvez opte por estas extravagâncias.
É bem verdade que vivemos - ou pelo menos vivíamos, não sei se depois de Sócrates haverá hipóteses para isso - numa época de consumismo desenfreado, mas ainda assim cada um sabe de si.
Nas sondagens, o PS e o PSD só me fazem lembrar aquelas carroçarias flamejantes da NASCAR. Sempre em paralelo, ora se adianta um, ora se adianta o outro e nunca por margens significativas. E prometem comportar-se assim até às últimas voltas. O que não seria nada de estranhar não estivesse o carro do PS com os pneus em baixo, motor gripado e insistentemente a andar aos zigue-zagues. Nos filmes já tinha levado umas voltas de avanço. Na realidade portuguesa serve de referência. Até aqui gostamos de nivelar por baixo..
Têm de criar um facebook para reecontrarmos aqueles que perdemos no mar de gente do facebook...
Acabado de me sentar na cadeira do meu barbeiro, eis que surge um puto com o pai careca pela mão. Sentou-se ele atento ao cabelo que me iam tirando a cada tesourada, para a meio dizer espantado: "olha, afinal tem o cabelo igual ao do pai!"
Raio do puto...
Aproveita. Um dia também serás careca!