A personagem era tipicamente lisboeta. Deitado na marquesa do "psicólogo" Bruno Nogueira, os bigodes que falavam para a televisão, interrompidos pelos tiques que o álcool foi criando, deitavam cá para fora um dos estereótipos do macho de Lisboa.
Sim, porque no Ribatejo e Alentejo há Marialvas, mas por Lisboa há uma espécie não classificada que vive escondida na Madragoa, Alfama e Castelo e que, embebida em vinho carrascão, tenta esquecer aquilo que por infelicidade nunca conseguiu ser: um verdadeiro filho da mãe.
Eu explico: dizia o tal lisboeta que apanhava da mulher sempre que chegava a casa. Que levava verdadeiras sovas. E que já não conseguia "levantá-lo", mas o que gostava na vida era que lhe trocassem a mulher de quarenta e tal anos por duas de vinte. Ainda que lhe batessem também.
Para este senhor, vítima de violência doméstica e de morte neuronal, a felicidade e o apogeu do homem atinge-se nos antípodas da realidade que conhece, ou seja, quando é ele a diminuir, de preferência, uma "gajé boa comó milho", que não envelhece e que o adora a cada berlaitada que leva. E que quando o vê, entre outros machos lá na tasca, vem submissamente perguntar o que quer ele para jantar, esperando depois levar o apalpão da praxe perante a plateia de amigos. E nada disso a apoquenta, pois sabe que tem em casa um tigre na cama com a glande mais proeminente que alguma vez a humanidade viu e que só isso lhe basta para compensar os desvarios do latino alfacinha.
Este é o sonho dele. Como não o cumpre, nem em 1%, afoga-se no mosto fermentado do tinto. E como ele há ainda outros tantos que também se dizem homens.