Se antes de partir de férias já levava a ideia que o país cada vez mais se assemelhava a uma novela mexicana de baixo orçamento - até neste ponto a ideia bate certo - então agora que voltei não me restam dúvidas nenhumas. Desde o primeiro episódio - pouco interessa quantos se perdem pelo caminho - que se conhece o desfecho final, mas ainda assim insiste-se em acompanhar o "evoluir" da trama. O vilão e o herói sabemos quem são desde o momento em que o primeiro atraiçoou o coração da doce e frágil beldade - as coisas que eu chamo ao eleitorado - e o outro, ainda que tropegamente, ofereceu o seu ombro para lá irem chorar.
E como nas más novelas - há boas? - o bom da fita, pouco ou nada faz para derrotar o mau, pois isso seria manchar a sua conduta. E se há coisa que o bom da fita não pode fazer, é perder aquele arzinho angelical, calmo e pacífico, de quem sabe que no fim tudo será seu. Até esse momento, será o estupor do vilão que, tal como o Coyote, tudo fará para se auto-infligir e enterrar. E nisso, Sócrates tem mostrado valor.
Só que aqui, até ao momento em que o vilão regressa uma e outra vez do coma profundo até por fim lhe chegar a morte final, quem também vai sofrendo com as amarguras das suas decisões é este país. E se o herói não entende isso, também não merece ficar com a beldade do enredo, pelo que se afigura que ela vá parar às mãos de António Borges. Que é aquela personagem da qual só se ouve a voz e se vê a mão, mas à qual os peões poderão todos vir a ter de responder.
PS- estar de volta da viagem ao Médio-Oriente significa que tentarei, nos próximos dias, deixar aqui o que por lá encontrei a cada recanto. Para já adianto só que ir sozinho para aqueles lados não é tão arriscado quanto pintam! Ainda que se apanhem uns quantos imprevistos pela frente. Até já.