O dia em que o skate é bem visto
O Dia Mundial sem carros, não devia ter este nome. A iniciativa, que até teve sucesso nos primeiros dois anos - ou não fosse o tuga fã de tudo o que lhe permita construir a "mundialidade", seja por via da maior feijoada do mundo, do maior bolo-rei da Europa, da exportação de galos de Barcelos para a Islândia, ou da voz eloquente do Poeta Alegre candidato a Belém - depressa se tornou numa celebração imposta que já devia ter sido rebaptizada para dia-mundial-sem-carros-nas-zonas cortadas-ao-trânsito-e-de-engarrafamento-total-em-todas-as outras! É que nestes diasé insuportável andar de carro. Pelo menos em Lisboa. Ao ponto de nos lembrarmos que "ah, é o Dia Mundial sem carros. Merda!".
Dias destes deviam existir para nos sensibilizarem quanto ao uso de transportes públicos, mas é, justamente, nestes dias que, por falta de preparação da rede de transportes, o cidadão que habitualmente não recorre à razoável rede que temos no resto do ano apanha o susto da vida dele: o metro está mais atafulhado do que é costume, os autocarros parecem mais pequenos, os sovacos por lavar são em maior número, a expressão "sardinha enlatada" é usada na perfeição porque as senhoras que habitualmente trazem consigo as banhas todas de casa, parecem deixar a cinta da bisavó pendurada no estendal.
Daí que, a cada ano que passa, o Dia Mundial sem carros seja mais um inferno que o momento verde que pretendem imprimir. E pouco falta para que seja contestado à base de buzinadelas e rátéres!
PS - gosto especialmente de ver chamar "veículos ecológicos" aos skates e bicicletas que costumam malfadar.