A crise que há um ano e meio atrás não existia?
"é resultante da situação de crise que nos tem afectado nos últimos 3 anos" diz Teixeira dos Santos sobre a revisão da Moody's.
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"é resultante da situação de crise que nos tem afectado nos últimos 3 anos" diz Teixeira dos Santos sobre a revisão da Moody's.
Digam lá se não tem piada ver quem durante o fim-de-semana acusou terceiros de "falta de liderança", de "ineficácia" e da responsabilidade por "constragimentos vários que dificultaram a acção da Direcção Geral das Artes" vir, na segunda-feira seguinte garantir que os cortes na Cultura, que há uma semana atrás tinha anunciado, e que depois acabou por recuar, de facto não irão é existir?
Digam lá se estas voltas e reviravoltas do governo socialista não são atitude dignas de um líder que prima pela eficácia, que sabe o que quer, e de quem tem uma acção fluída e não pode compactuar com empecilhos - so they called him, I trully ignore if he is one - como o Jorge Barreto Xavier?
Nunca pensei dizê-lo, mas está mais que provado que Sócrates, o nosso, - se fosse o outro não seria novidade - conseguiu criar uma escola de pensamento. Por estranho que pareça, há quem lhe siga as pisadas e transforme - diria que por franca maldade, pura ingenuidade ou cegueira total - o pior dos males no maior dos remédios:
Quem anda por Lisboa dificilmente não repara nos outdoors dos Centro Comercial Colombo que orgulhosamente diz ser o único onde "se inauguram 30 novas lojas por ano". Ora como não vemos crescer o monstro - atenção que as novas torres são escritórios - e os parques de estacionamento ainda não foram convertidos em galerias comerciais, só lhes resta uma saída para sustentar tamanha parangona. Que a cada loja que abre, uma antes se fechou. Por falência, por ter descoberto alternativas mais baratas, por mudança de ramo, não interessa. A verdade é que só assim um local estanque pode inaugurar novas lojas. E isso não me parece motivo de orgulho.
A não ser que o spin-doctor seja o mesmo que o de Sócrates e tente tomar meio mundo por parvo. Mas se para o outro o consegue, porque não há-de o conseguir para o ex-maior centro comercial da Península Ibérica?
Apaguem o nojo que sentem pela brilhantina andaluz, deixem de gozar com o sotaque galego, esqueçam a inveja que têm pela catalunha e enterrem o ódio que sentem desde que Espanha nos eliminou no Mundial. Dêem o braço a torcer e reconheçam que o país vizinho é, por direito próprio e valorosamente, campeão do Mundo.
Espanha fará agora aquilo que Sócrates sonhou com este Mundial: esquecerá o défice acima dos 10%, festejará como se não tivesse o desemprego nos 20% e gastará como se a dívida pública não estivesse nos 70 e tal por cento. Tudo o que o nosso Primeiro-Ministro sonhou em ter, mas que Queiroz lhe cortou.
Por não saber como, um socialista sonha sempre em poder adiar, mesmo que por uns meses, a recuperação económica. Sócrates pode-se ter vingado com uma golden share mal metida, mas quem sorri é Zapatero!
O Estado Social, a bóia de salvação socialista: Os Marretas no Portugal Contemporâneo.
A estranha dor de não se ter dor e ser-se infeliz: Dias Estranhos no Jugular
O jornal Sol que hoje cheio de pudor não divulga a conversa tida entre Carlos Queiroz e um jornalista da casa, é o mesmo jornal Sol que há uns tempos vendeu, que nem pães com chouriço, durante semanas a fio, umas escutas que entretanto vieram a ser destruidas por serem consideradas ilegais e que por isso não serviram de suporte ao caso Face Oculta e que para além disso permitiram a Rui Pedro Soares arrecadar mais uns quantos milhões - o puto é um prodígio a sacar milhões, diga-se! - para juntar aos que já tinha em casa? É o mesmo jornal?
Irra que o Queiroz tem poder!
Não há semana em que o Governo não recue e que Sócrates não se contradiga. Em campanha eleitoral penitenciava-se de não ter apostado mais em Cultura e, tal foi a genuinidade com que bateu no peito, que quase todos acreditaram que se iria redimir desse pecado. Hoje recua, mas só depois de ter apresentado os cortes - que pelos vistos vão ser menores - justamente nessa área.
Claro que vai dizer que "o mundo mudou nesta última semana!" para justificar o corte e "que estão a fazer um esforço!" para fundamentar o recuo, mas em nada estas desculpas apagam a primeira frase factual deste post. E eu ia jurar que o país já está farto disso...
Para quem não acompanhou o processo, fica a ideia de que tudo corria bem até ao dia em que um invejoso resolveu meter-se ao barulho e causar alguma entropia. Ora, Portugal, que é um país de características pouco dadas à celeridade e eficiência, vendo-se com uma embrulhada destas por resolver, e após uns meses de acesa polémica, de bitaites bairristas desnecessários, de "vai pra cima! Não, vai para baixo!" e outras peripécias de circo, fez o que sabe melhor: deitou tudo por terra! Que é precisamente o que não se pretende numa prova de aviões.