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República do Caústico

A montanha pare sempre ratos

24.06.10, João Maria Condeixa

 

Não sou jurista, não tenho um exemplar do código penal ao lado do computador e mesmo que o tivesse não o iria consultar para perceber se estes 8 meses, em que a queixa contra Sócrates esteve de molho nas catacumbas da justiça, significam 1/5 ou 1/2 do tempo para a sua prescrição. Não valeria o esforço. Por mais dilatado que seja o período, nunca dará em coisa alguma..

 

Não estou com isto a dizer que José Sócrates esteja, ele próprio, omnipresente a manipular as queixas que o envolvem. Ninguém, face aos incontáveis processos, é assim tão incansável. O que existe é um medo, um espírito acabrunhado na justiça, de mover montanhas sem que elas param um rato.

 

Processo que tenha uma alta entidade do Estado, seja ele pesaroso e complicado ou simples e trivial, dificilmente terá um resultado conclusivo, enquanto não se travarem os tremeliques nas pernas dos agentes judiciais por onde ele passa. E sobrancerias do Primeiro e indecisões destas, não ajudam a contrariar esse problema.

Uma República sem medos

21.06.10, João Maria Condeixa

Apagar a República da Constituição não é ser contra ela. É acreditar que por si viverá e será sempre escolhida, sem necessitar de paternalismos. Outra coisa não faz sentido que não deixar o povo escolher livremente o regime que pretende para o país. Esta ideia do PSD faz sentido hoje e sempre. E é um primeiro passo para uma constituição livre de preconceitos e minimalista como a sonho. Pode ser que um dia também tenhamos uma única folha que nos sirva a todos!

Carpideiras oficiais

20.06.10, João Maria Condeixa

A casamentos e baptizados só vão os convidados. Imagino que a sabedoria popular dê para extrapolar para enterros e actos fúnebres, pelo que a pergunta que se impõe é se Saramago convidaria Cavaco a estar presente a qualquer um destes eventos.

 

Não sou daqueles que acha que o Presidente da República faz bem em não comparecer, mas também não sou dos outros que faz disso um incontornável drama nacional. Nas suas funções, um PR, é obrigado a velar muitos corpos por quem não nutriu simpatia. Outros até inimizade. São ossos do ofício. Mas se mandou o Chefe da Casa Civil parece-me suficiente. Talvez até Saramago tenha gostado mais assim.

 

Afinal, o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, também enviou substituto e ninguém critica, soluçado pela ira - com vários errres -, a decisão.

Olho por olho, dente por dente

19.06.10, João Maria Condeixa

João Semedo diz que nunca chamou mentiroso a José Sócrates. Infelizmente é bem verdade. Acusou-o apenas de ter faltado à verdade, o que é totalmente diferente. No fundo são os dois da mesma escola. O Primeiro-Ministro também diz não ter tido conhecimento da compra da TVI. Ou antes, nunca ter tido conhecimento oficial, sejamos claros. O que também é totalmente diferente, pois claro.

Ser dual na morte

19.06.10, João Maria Condeixa

 

 

Quando morre, um escritor cessa a sua actividade. Quem cai por terra é só a sua pessoa e não a sua obra. E o que lhe permite esta coisa do fantástico, é uma dualidade conquistada em vida, que nem sempre é compreendida por todos. Aquilo que torna possível separar a pessoa da sua obra e enaltecer a segunda, sem reconhecer a primeira.

 

Daí que possa gostar de Camões sem grande necessidade de lhe conhecer a pessoa. Ou de gostar de Pessoa sem sequer lhe compreender a vida. Ou de admirar Albert Camus ou Dostoiévski baseando-me apenas nas suas obras e naquilo que outros me contam deles - o que pode, como é sabido, corresponder ou não à verdade -.

 

Não comungo da visão de Saramago. E por acaso também não sou fã da sua obra, mas ficar preso a um grilho ideológico, que não me permita dar espaço ao génio publicado, é tornar-me num Sousa Lara dos idos 90, é agir como um Comunista perante os génios de direita, é pagar-lhes na mesma moeda e ser tão nhurro quanto eles.

 

Durante a vida contestei-lhe as opiniões. Agora que morreu, fala-se da criação que deixou. E essa não há dúvida que merece um lugar de destaque.

 

E o que eu acho estranho é ainda sentir necessidade de escrever um post destes...

 

PS - Ou o PPM sentir-se na obrigação de deixar uma ressalva destas.

Quando as embaixadas dormem..

18.06.10, João Maria Condeixa

A comunidade portuguesa no Luxemburgo está indignada, e com razão, pelo conteúdo de um e-mail que por lá circula atentando ao bom nome e qualidades portuguesas. Nós, que até somos caracterizados mundo fora por sermos um povo pacífico e trabalhador, que se sujeita às regras, costumes, lingua - onde acham que nasce o "franciú" ou o "Jean Pierre, tu vas tomber, gaiato dum cabrão!"? - do país que nos acolhe, somos nesse mail comparados a um bando de sugadores de direitos e benefícios. Estou certo que não passa de uma brincadeira de acéfalos Luxemburgueses - eles também os têm, pensam o quê? - que assustados com o facto de sermos 16% naquele grão-ducado, resolveram fazer das suas.

 

Pena é, que, por esse número considerável de portugueses que lá moram e pela gravidade das acusações, o nosso embaixador tenha sido apenas reactivo às notícias e não proactivo ao conteúdo do mail, como foram Diogo Feio pelo CDS e Paulo Pisco pelo PS. Por ele, entidade directamente responsável pela protecção dos nossos emigrados, só para a semana haverá reacção junto das autoridades oficiais luxemburguesas, quando, no mail a que tive acesso, a data de produção desse conteúdo panfletário tem, pelo menos, 15 dias. Imagino há quanto tempo circula sem que o embaixador tenha descruzado os braços...