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República do Caústico

Filtros humanos (2)

10.04.10, João Maria Condeixa

Este post sobre adopção- numa perspectiva que nunca tinha aflorado - levou a uma discussão fora de blogues, em que os critérios definidos pelas famílias adoptivas foram adjectivados de várias formas. E eu dei por mim, tendencialmente, a abandonar a ideia de egoísmo e a perfilhar - até fica no contexto - a ideia de que é o medo que os conduz a esses filtros.

Medo de que não resulte, medo de que ao não resultar o trauma para a criança seja ainda maior, medo de deixar aqueles olhos na instituição em detrimento de outra, medo de adoptar uma criança doente e de cá não estar fisicamente no futuro para a acompanhar, medo de não ser o contexto adequado para aquela criança em específico, medo de que os pais biológicos a venham reclamar, medo de que tenha passado a idade de se moldar ao novos pais, enfim, são mais medos do que egoísmos, se quisermos.

E a essas pessoas "medrosas" eu tiro o chapéu por serem altruístas - ainda que com critérios - e não egoístas como eu que até agora não ponderei essa hipótese. O egoísta aqui, sou eu!

 

E é por avaliar como "medo", que não considero que essas famílias estejam a traçar critérios racistas, xenófobos, comparáveis a quem outrora tentou uma raça ariana. Não excluem, nessa lógica, os doentes, os menos capazes, os mais fracos, os de outras religiões, credos ou cores. Não ter toda a disponibilidade romântica do mundo para aceitar "venha, quem vier" na adopção, não faz deles esse tipo de seres. Fá-los, talvez, menos venturosos, menos corajosos, menos habilidosos até na educação de quem adoptam, mas nunca - embora possam existir excepções, como é óbvio - humanos "apologistas do homem perfeito". Se assim fossem, não se pré-dispunham a adoptar.

Querida, encolhi o gadget

09.04.10, João Maria Condeixa

Tal como se previa, um mono gigante para andar na rua não dá jeito nem ao Cristo-Rei com aquele tamanho todo, daí que Steve Jobs tenha sabiamente decidido encolher o seu ipad. Se as vendas do primeiro corresponderam às expectativas, as deste vão ser a única coisa que o patrão da Microsoft não vai ver diminuir, vos garanto. Tugas, dignos do nome, já se encontram a caminho da FNAC!

Filtros humanos

08.04.10, João Maria Condeixa

Os tempos são duros, as taxas de insucesso matrimonial grandes - muitas vezes sem razão aparente - e as incertezas e instabilidades - em que importa incluir as de carácter emocional - vão criando egoísmos que se revelam mesmo naqueles que nobremente dão a mão ao próximo por via da adopção.

 

Se por ventura estes egoísmos parecem falsear o altruísmo, é bom por outro lado que existam, pois só quem adopta sabe a matriz a conceber para evitar percalços, que mesmo que naturais, só serviriam para aumentar o grau de trauma nestas crianças. Há portanto que minorar essas hipóteses. E os pais adoptivos acabam por filtrar a sua escolha tentando alcançar para si e para essas crianças o enquadramento mais "normal" que lhes permita perspectivar a estabilidade desejada.

Daí que seja perceptível, que um casal branco opte por adoptar uma criança branca, preferencialmente. Não se trata de racismo. Um casal preto teria a mesma atitude para uma criança preta. É a busca pela naturalidade, é uma tentativa de aproximação à harmonia biológica. Pode soar errado, pode o tiro de escolha sair pela culatra, mas consegue-se perceber a explicação para o facto. São fugas ao conflito: as mesmas que existem nos filtros que os pais adoptivos traçam quanto a crianças doentes, violentas, problemáticas ou simplesmente mais velhas.

É egoísmo, porque estão a pensar em minimizar sobretudo as suas dores e só depois as da criança adoptada. Mas é um egoísmo que é perceptível e pode até evitar outros danos sobre a dita criança.

 

Importa pois, para aquelas que vão ficando fora do padrão de adopção, criar mecanismos que permitam ultrapassar os traumas e prepará-las para a vida adulta fora de uma família adoptiva. Há que lhes criar um projecto de vida o mais próximo possível da normalidade. Há que lhes mostrar que nada está perdido e que mais à frente têm um mundo para ganhar. Crianças dadas para a adopção haverá sempre. Crianças que atravessam o processo sem serem escolhidas também. Resta-nos - tão ou mais importante - saber criá-las sólidas para o que depois virá.

Status: accionista

08.04.10, João Maria Condeixa

O gigante das redes sociais é apetecível para todos. Muitos querem trabalhar o facebook para dele retirar dividendos, mas poucos são os que têm capacidade financeira para o conseguir pela via accionista: O vocalista dos U2 terá pago 15 euros por cada acção do Facebook, tendo adquirido 1% da maior rede social online do mundo, por um total de 90 milhões de dólares, 67 milhões de euros.

Quanto às empresas e empresários que não o conseguem fazer por esta via, resta-lhes sempre a possibilidade de irem alterando o status virtual na esperança que na vida real a mudança também aconteça.

Descobertas do facebook: Sheila, muda-me o bisual!

06.04.10, João Maria Condeixa

 

Quanto a vocês, não sei, mas eu estou disposto a trocar o meu fashion adviser de magreza canichiana, voz afectada e tiques afeminados por esta mulher de gema e de peso, futura estilista portuguesa, que trata as outras por "gaija" e que crítica essa fonte secular de maus cheiro adolescente: o Áll Stáre! (favor ler com todas as letras e com o respectivo sotaque do Norte!)

Em busca do amanhã

06.04.10, João Maria Condeixa

"Já estive na Figueira da Foz, em Loulé, em Valença, agora ando por Lisboa, mas quero ver se me piro para o Dubai!" - ouvido no café de manhã.

Pedreiros há que parecem viver em permanentes missões arriscadas pelo mundo fora, como se de militares de elite se tratassem. Combatem o desemprego e a quebra de oferta no sector, buscando aqui e ali soluções. "Vergam a mola" - como eles próprios diriam - onde e como tiver de ser. A filosofia dos que têm na mão um balde de massa ou um canudo recheado de sonhos, é por demais semelhante: viver com a instabilidade, procurar as alternativas e nunca assentar arraiais num só local e muito menos nos "direitos adquiridos". E assim tem de ser e só assim se vai lá.

 

PS - reparei agora que há quem encontre outras soluções. Não tão sérias, mas igualmente verdadeiras.

Before Night Falls

05.04.10, João Maria Condeixa

 

Perdoem-me só agora ter visto este filme. Perdoem-me ter gostado e perdoem-me ter pensado, de imediato, no que diriam sobre Cuba e o regime de Fidel, os defensores de esquerda das minorias no filme representadas. Perdoem-me acreditar nestas patranhas do panfletário Hollywood capitalista e perdoem-me não compreender como podem, ainda hoje, ser defendidos, cegamente, regimes como o de Cuba ou da Coreia do Norte por gente nova, instruída e apelidada de inteligente.

Patrocínio à delinquência (2)

05.04.10, João Maria Condeixa

Não se trata de tomar a floresta pela árvore, Francisco. Trata-se de pretender retirar frutos dessa árvore, longe das prioridades estatísticas, do politicamente correcto e do romântico eduquês.

Um rapaz - aos 15 anos não se é criança - que se encontre a "patinar" na terceira classe teve, por certo, mais que duas ou três oportunidades e por alguma razão não progride. E enquanto não encontra o seu lugar, vai libertando a sua frustração sob a forma de violência. Pudesse entrar no mercado de trabalho e estudar no ensino recorrente e talvez descobrisse a sua utilidade na construção de uma "sociedade melhor". 

Talvez ajudasse os seus pais, que hoje o inibem de crescer para terem o RSI, e desse a volta por cima a pulso, como aconteceu a muitos bons exemplos que se vêem por aí. Não se trata de desistir, mas sim de ser contra uma enfantilização da sociedade que traz, essencialmente, aspectos negativos.