Filtros humanos (2)

Este post sobre adopção- numa perspectiva que nunca tinha aflorado - levou a uma discussão fora de blogues, em que os critérios definidos pelas famílias adoptivas foram adjectivados de várias formas. E eu dei por mim, tendencialmente, a abandonar a ideia de egoísmo e a perfilhar - até fica no contexto - a ideia de que é o medo que os conduz a esses filtros.
Medo de que não resulte, medo de que ao não resultar o trauma para a criança seja ainda maior, medo de deixar aqueles olhos na instituição em detrimento de outra, medo de adoptar uma criança doente e de cá não estar fisicamente no futuro para a acompanhar, medo de não ser o contexto adequado para aquela criança em específico, medo de que os pais biológicos a venham reclamar, medo de que tenha passado a idade de se moldar ao novos pais, enfim, são mais medos do que egoísmos, se quisermos.
E a essas pessoas "medrosas" eu tiro o chapéu por serem altruístas - ainda que com critérios - e não egoístas como eu que até agora não ponderei essa hipótese. O egoísta aqui, sou eu!
E é por avaliar como "medo", que não considero que essas famílias estejam a traçar critérios racistas, xenófobos, comparáveis a quem outrora tentou uma raça ariana. Não excluem, nessa lógica, os doentes, os menos capazes, os mais fracos, os de outras religiões, credos ou cores. Não ter toda a disponibilidade romântica do mundo para aceitar "venha, quem vier" na adopção, não faz deles esse tipo de seres. Fá-los, talvez, menos venturosos, menos corajosos, menos habilidosos até na educação de quem adoptam, mas nunca - embora possam existir excepções, como é óbvio - humanos "apologistas do homem perfeito". Se assim fossem, não se pré-dispunham a adoptar.