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República do Caústico

A sorte do Farmville é não estar na UE

30.04.10, João Maria Condeixa

Experimentem registar um bezerro. Sim, é isso que estão a pensar, experimentem registar um animal cujo o nascimento desperte curiosidade junto da Direcção Geral de Veterinária e da União Europeia. A seguir experimentem registar um bebé, um ser humano pequenino e de pele rosada. O primeiro deu-vos mil vezes mais trabalho, obrigou-vos a recorrer a 3 sítios diferentes, a recolher e preencher diferentes formulários e a prestar declarações anuais para receber uma pequena contribuição, certo? O segundo, que irá morrer muito mais tarde e que faz parte de uma sociedade que se diz organizada e vítima do big-brother e de um permanente voyeurismo, consegue-se registar num simplex piscar de olhos, certo? E porquê?

 

Porque a União Europeia diz que o consumidor tem direito a almejar ser perfeito e saudável e por isso tem de saber tudo e mais alguma coisa sobre o bifinho que virá a cortar a custos controlados. E por isso existe a burocrática e legisladora PAC e a exímia cumpridora DGV Portuguesa.

 

Mas não contentes, agora vão mais longe: dentro em breve será necessário constar, pormenorizadamente, em etiquetas longas, parametrizadas e visíveis, toda a informação sobre a ração que irá alimentar os animais, também conhecidos como, futuro alimento do consumidorzinho-extremamente-saudável. Tudo: composição, fórmula, percentagem, lote e outras infindáveis informações - só não trará quanto deve o fabricante ao fisco -.

Tudo a bem da rastreabilidade e da saúde do consumidor que se quer perfeito, mas que é o mesmo que bebe uma Coca-Cola sem desconfiar do que é feita, com gelo de uma torneira cheia de cloro e outras porcarias e por um limão que também já foi mais torto e irregular ou não se tratasse ele de um produto agrícola. A UE aperta com a agricultura esquecendo que com tanta exigência qualquer dia não há fábrica, agricultor, nem economia que aguente e aí lá se vai o ser humano esbelto e espadaúdo. Fica só magro e atafulhado entre impressos e papeladas.

 

E se fossem regular, minimamente, antes aquilo que deviam e que nos trouxe a esta crise e pusessem, antes, o Vítor Constâncio, aquele que nada regula, neste sector?

 

Como disse alguém acerca destas ideias luminosas: "Isto só lá vai com vasectomias e preservativos. É que há demasiados gajos neste mundo sem nada com que se entreter!"

Cimeira do Bloco Central (3)

28.04.10, João Maria Condeixa
A Cimeira terminou. O Bloco Central, principal responsável pelo estado em que nos encontramos, compromete-se a uma cooperação sem igual. Pelo caminho ficou aquele Passos Coelho que ainda há umas semanas se dizia capaz de votar contra o PEC que hoje antecipa junto com Sócrates. O Bloco Central assusta não só por ser constituído pelos dois partidos ou duas ideologias em questão, mas sim pelos vícios, maus hábitos e compadrios a que nos habituou. E quando a "receita milagrosa" é tão semelhante entre os dois, a mais valia que ainda assim daí pudesse surgir, é totalmente abafada, soterrada até, por todos os defeitos referidos. Como previsto, retiram a gordurazinha que não lhes faz falta daqui e dali e propõem-se, por oposição, a ressuscitar o monstro que criaram juntos.

Cimeira do Bloco Central (2)

28.04.10, João Maria Condeixa

Ao que parece está a correr bem. Já chegaram à conclusão que isto está mesmo mal. Estão no baú dos tesourinhos deprimentes à procura da definição mais apropriada para o momento:

"É hora de apertar o cinto!" - não serve, está gasto e apertado ao máximo.

"O país está de tanga!" - é tarde, a tanga já se foi.

"É um pântano!" - serve. Dizem que nos pântanos, quando nos estamos a afundar, o melhor que podemos fazer é mantermo-nos quietos. E é esta a estratégia que temos adoptado! É hora de voltar com essa máxima de António Guterres.

Cimeira do Bloco Central

28.04.10, João Maria Condeixa

Pedro Passos Coelho já se terá encontrado com o seu congénere socialista. Recebido com um "tás porreiro, pá?" ficaram ambos indecisos sobre quem se deveria sentar na cadeira de Primeiro-Ministro. Fontes próximas dizem que foi uma escolha difícil: "Vai tu, faço questão!", "Não, senta-te tu!", "Não, tu primeiro. Estás à vontade!".

Meio termo do mesmo

28.04.10, João Maria Condeixa

 

Portugal foi parar ao serviço de urgência. Andava há umas semanas cheio de sintomas que apontavam nesse sentido, mas ninguém ousava dizer que estava a passar um mau bocado. Preferiram todos pensar que ia passar e que aquela azia toda era resultado da especulação externa e nem um pouco dos remédios que nos estão a dar há anos. Hoje ao que parece reúnem-se de emergência dois dos maiores especialistas da área. Irão tentar alcançar um acordo sobre que medidas tomar. Receio bem que assim que ponham as máscaras do operatório se perca a noção do quem é quem, tal é a semelhança entre os dois e que os remédios fiquem longe do que Portugal precisa. Afinal o meio termo entre projectos praticamente iguais é o quê?

 

De bisturi na mão propõem-se cortar primeiramente no quê, se apenas estão interessados em tirar aquela gordurazinha a mais que está ali e onde não têm nenhum interesse especial instalado? De máscara de oxigénio vão dar ar a quem mais precisa e pode puxar pelo país ou antes aos monstros que foram criando nos últimos 36 anos?

As greves, o privado e o público

27.04.10, João Maria Condeixa

Não sendo daqueles de direita que ridicularizam as greves, a verdade é que também elas não me dão jeito. Nem a mim, nem ao país. Mas acho que a greve pode e deve existir como estratégia última de prossecução de objectivos e conquista de direitos.

 

Mas fosse o mundo como a esquerda o pinta e as greves seriam esmagadoramente mais frequentes no privado, pois esses "cães capitalistas, maiores a abusar dos mais fracos só assim perceberiam a falta que lhes faz mão-de-obra realizada e estimulada."

Mas não, a barbárie de greves espalhadas mundo fora vem sempre daqueles que contam com a ajuda dos sindicatos, dos partidos da esquerda, dos direitos e garantias adquiridos, no nosso caso, dos direitos de Abril, constitucionais, etc..

São sempre os trabalhadores do Estado, que têm a sua função mais protegida, incluindo aumento salarial analisado - na maioria, aumentado - anualmente, a paralisarem a sua entidade empregadora e, pelo peso que têm, a paralisarem outros trabalhadores e outras empresas alheias - tanto quanto possível - às suas reivindicações.

 

Têm dúvidas? Perguntem quantas greves existiram no privado por não haver, este ano, aumento salarial. Arrisco até mais: perguntem quantas greves existiram, por não haver, nos últimos dois a três anos, aumento salarial e ficarão a perceber o espírito que se vive de um lado - no privado - e do outro - no público -.

A mão que embala a dívida

26.04.10, João Maria Condeixa

Depois de o endividamento líquido ter vindo a descer em 2006 e 2007, o ano de 2008 inverteu esta tendência, apresentado um aumento desse indicador na ordem dos 5,8 por cento. De acordo com os autores do estudo, esta subida deve-se sobretudo ao impacto da crise económica e financeira internacional.

 

As autarquias deram esse disparo no período de "paz construtiva". Imaginem, agora, quanto terá crescido o endividamento o ano passado em vésperas de eleições. É aí que as rotundas brotam, os jardins são arranjados, as fontes se erguem e as fitas se cortam em sinal de pré-campanha. De pouco nos serve conhecer este valor de 5,8% (ou 7%) se sabemos, à priori, que a mão autárquica daquele que se prepara para ir a votos é bem mais devastadora que qualquer crise internacional.

 

A crise é de agora. O comportamento esbanjador, sorvedouro do contribuinte, conservador do seu poderzinho, defensor dos seus interesses e dos que os rodeiam, vem de longe!

25 de Abril, sempre. Fiscal, é que nunca mais...

25.04.10, João Maria Condeixa

Em dia "do 25" proliferam discursos um pouco por todas as autarquias do país. Põem-se cravos na lapela, bate-se com a mão no peito, ouve-se a "Grândola, Vila Morena" seguida do Hino Nacional e cospe-se a palavra liberdade ao ritmo de uma rajada de G3. Mas a liberdade fiscal, essa, fica por cumprir: a maioria das edilidades nacionais tem a sua Derrama, o seu IMI, o IMT, o IUC na taxa máxima e a dedução em IRS no mínimo. Sempre a asfixiar o mais possível o contribuinte. E por vezes para construirem pistas de ski na Amadora ou outras "necessidades básicas" do género.

Mas dessa liberdade quase ninguém fala..

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