As crises também se medem nos pequenos pormenores e hoje vejo, no restaurante onde almoço, diariamente, que a corrida às mesas já não é a mesma de há um ano atrás. É com relativa descontracção e calma que consigo ir até à esquina enfiar um bifinho cheio de molho de natas goela abaixo, para depois o rematar com um tradicional pastel de nata. A crise de uns, a oportunidade de outros.
Mas a verdade é que, em dominó, a economia vai perdendo força. Retraíram-se os almoços, retraíram-se as necessidades do restaurante, retraíram-se os seus fornecedores e no fim da cadeia alimentar (podia o termo ser mais apropriado?) retrai-se o produtor.
Pelo meio, milhares de desempregados que indo à procura de oferta se deparam com outra retracção, a da procura de mão-de-obra. E tudo porque a maioria das empresas, ou desconhece o dia de amanhã para admitir mais pessoal, ou porque amanhã vão ter é de dispensar trabalhadores ou então porque já colocaram à porta um eterno "volto já".
E, por muito que custe dizê-lo, é este o letreiro que um dia será posto ao Estado se continuar a canalizar fundos para apoio directo ao desemprego em vez de apoiar as empresas que geram economia e criam postos de trabalho. E não, não falo de acabar com o RSI, mas sim de traçar como prioridade das prioridades, o fomento aos que sobrevivendo poderão ajudar tantos outros a sobreviver.
O Nanny State sozinho não resolve a crise. Pode até tentar, mas mais tarde ou mais cedo terá de pendurar à porta um "trespassa-se".