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República do Caústico

Patrocínio à delinquência

31.03.10, João Maria Condeixa

É impressão minha ou acabei de ouvir na RTP uma professora dizer que lecciona a 3ª classe a rapaziada de 15 anos que só lá aparece para que os pais não percam o RSI e que, com o estender da escolaridade mínima obrigatória até ao 12º, se arrisca a ter "meninos" de 18 anos na sala de aula?

No fundo andamos a patrocinar a estadia frustrante na primária de mão-de-obra perfeitamente capaz de ir ganhar a vida e só porque a porcaria da estatística politicamente correcta assim o obriga. Depois admiram-se da delinquência, das críticas ao RSI, das baixas dos professores, etc.

É tão rídicula esta exigência como é ver um aluno estacionar o seu carro antes de entrar na sua sala de aula na Escola Básica de Alhos Podres!

O túnel da luz repleto de energia

31.03.10, João Maria Condeixa

Estou fascinado com o interesse do tuga do garrafão de vinho tinto pelo acelerador de partículas. Descem ao CERN da questão - piadinha fácil - como se estivessem a falar da passagem do Hulk e do Sapunaru pelo túnel da Luz - começo a achar que há de facto muitas parecenças com a geringonça física -.

Se pensarmos que atravessamos uma época de crise e sacríficios extremos, então este súbito interesse só me faz lembrar o apogeu russo em que a intelectualidade imperava mesmo onde o pão faltava!

O unificador por mérito alheio

31.03.10, João Maria Condeixa

 

Enquanto o novo líder do PSD vai ajeitando a cadeira na São Caetano à Lapa, muito se escreve sobre ele. Na rua dizem que é bonito. Isso é-me tão relevante como as actividades lúdicas tidas por Clinton para a definição do seu mandato. Isto é, nada. Ainda assim, inegavelmente, essa qualidade física, por si, já lhe terá rendido simpatias, uns piropos mais ousados e quem sabe uns votos surdos, daqueles que não ouvem e que apenas ligam ao que vêem. Resumindo, o aspecto joga a seu favor.

 

Outros dizem que é parecido com Sócrates. Epíteto mais nefasto é difícil de encontrar, mas fazem-no por associação a um perfil "mais plástico". O que tendo em conta a incompreensível, mas real tendência de voto dos portugueses, pode muito bem ser uma mais valia, infelizmente. Mas aqui Sócrates, pese embora a sua desonestidade intelectual - ainda por avaliar em PPC -, leva vantagem. Aliás, no dia em que Sócrates cair será muito mais pelas patranhas e mentiras que foi largando pelo ar, do que pela falta de profundidade ou capacidade política.

 

Dizem que Pedro Passos Coelho irá unir o partido. Enganam-se! O que une o PSD é o poder e só quando o animal enfraquecido que estiver no governo aparentar sinais de último fôlego, é que, tal necrofagia na savana, se aproximarão todos para o festim numa grande reunião. Quem lá estiver no momento receberá o título de "O Unificador", pelo que estes 61% de Pedro Passos Coelho talvez sejam mais prenúncio da falta de saúde do governo PS do que representativos da união social-democrata conquistada pelo recém-eleito.

 

Dizem que quem ficou com o trabalho facilitado foi o CDS. Tenho a leitura contrária. Rangel arregimentava os mais velhos, os mais ortodoxos do PSD, com ele identificavam-se sobretudo aqueles que representam uma faixa etária e social mais fidelizada ao partido laranja. Sobraria, pois, espaço para o CDS-PP capitalizar votos nas camadas mais jovens, nas famílias recém-formadas, nos empresários mais recentes, naqueles que não estão enraizados na máquina e no espírito laranja. PPC, aparentemente, promete alcançar esse espaço, até porque o outro mercado - por muito que agora esperneie com a sua eleição - já lhe está assegurado clubisticamente. Resta perceber se a massa partidária lhe permitirá o distanciamento suficiente para construir uma alternativa efectiva aos Socialistas, como até aqui tem feito o CDS-PP, e assim seduzir os descontentes com o rumo que temos seguido ditado pelo bloco central. Não falo de ser apenas outra opção. Falo de ter outro projecto para Portugal. E para isso julgo que PPC nunca conseguirá autorização para construir.

A bipolaridade do Estado Social

30.03.10, João Maria Condeixa

 

É por aqui que as pessoas julgam o governo como "desnorteado". Quando o vêem assumir com convicção a máxima socialista de que temos de estar junto com a população a suportar-lhes as dores, custe o que custar, pese embora ao contribuinte que já está esfalfado, etc.etc, porque é esse o dever do Estado de proteger tudo e todos e sustentar-lhes a crise, etc., etc. ,custe o que custar, e que o Estado, como Alá, é grande e dá emprego, saúde, desenvolvimento, auto-estradas, TGVs, Aeroportos, custe o que custar, etc., etc. e que não se pode deixar cair BPNs nem as suas dívidas e há que injectar lá fundos, custe o que custar, etc., etc. sem fazer as contas e que há é que remodelar as escolas e equipá-las com alta tecnologia custe o que custar, etc., etc., porque - ufa, estava a ficar sem fôlego - amanhã nasce o novo homem e será socialista. De "desnorteado", dizia eu e apelidam tantos outros, porque no dia seguinte, lembra-se que a crise está aí, que o Estado tem de ser mais eficiente e tem optar por uma política com serviços de qualidade e que se o número de doentes não o justifica então há que fechar as urgências porque o dinheiro não chega para tudo.

A maior crise da Igreja

29.03.10, João Maria Condeixa

Inequivocamente repleto de qualidade, o texto de António Marujo apresenta a solução para este momento vivido na Igreja sob a forma de uma purga assumida, aberta e despida de hipocrisia. Assim deveriam também reagir todos os membros, que outrora acusaram outros enquanto fingiam não assistir ao que se passava no interior, para de uma vez aproveitarem a oportunidade para limpar a casa destes vidros provenientes do telhado:

 

"Convém não esquecer que foi a preocupação pela defesa da honra da instituição que levou ao actual estado de coisas. Só uma atitude purificadora e aberta à mudança permitirá à Igreja recuperar a credibilidade perdida nesta crise. Os cristãos chamam a esse acontecimento ressurreição. E celebram-na no próximo domingo."

 

O Jacobinismo de outros que, representando 30 aqui e mais 70 pessoas acolá, só fechará a matraca e deixará de esboçar sorrisos pueris no dia em que não tiver razões para o fazer. Não que a purga desejável hoje, cure os males para toda a eternidade. Numa estrutura com a dimensão da Igreja e os seus propósitos, inquestionavelmente louváveis, só por cegueria intelectual se poderia lançar um "para nunca mais se repetir" e acreditar piamente nisso. Mas casos massivos como os da Irlanda deixariam de existir seguramente e tendo feito tudo ao seu alcance a Igreja poderia dormir muito mais tranquila sem temer que os telhados se partissem.   

Moscovo underground

29.03.10, João Maria Condeixa

É caso para dizer que a beleza do metro de Moscovo não cabe aqui. Todas as fotos decentes que encontrei ficavam pequenas demais para ser representativas da portentosidade a subsolo. Assim deixo antes este site para visitarem com calma a primeira coisa que hoje temi ter desaparecido sem que eu a tivesse visto ao vivo. Lamento as 37 mortes, mas de facto, o que primeiramente me passou pela cabeça foi o possível desaparecimento destas estações magníficas que tantos desconhecem e que há uns anos, por acaso, descobri pela net. Felizmente, pese embora o sucedido, tudo isto aconteceu numa das que o camarada Estaline menos cuidou.

 

E aos autocarros do FCP?!

29.03.10, João Maria Condeixa

A PSP apareceu ontem numa mega operação ao estudante que se evadia para terras espanholas em busca de divertimento como prémio de ter terminado o secundário. Revistou, e bem, todos os autocarros em busca de "estrupefacientes" - a dicção de finalista não pode ser critério de admissão à faculdade, caso contrário o Ensino Superior volta a ficar às moscas - e outros abusos que pudessem ter passado pelas cabeças juvenis. Pena que não tenha tido - nem tenha - a mesma atitude para aqueles autocarros que chegaram ao Estádio de Faro tão bem comportadinhos. Garanto-vos que era meio caminho andado para a frase "não precisámos de prender ninguém" começar a fazer sentido! 

Da próxima vez não ligo, só penso...

28.03.10, João Maria Condeixa

Acabo de ligar para a Pizza Hut. Conjugando o dinheiro que tinha na carteira com o apetite que, por sinal, está aumentar, lá me decidi quanto ao tamanho e número de ingredientes a pedir. Com 3 escolhas possíveis, a "construção" da pizza levou-me alguns minutos de indecisão e só após algumas hipóteses lançadas, cheguei à composição final.

Pois a rapariga do outro lado da linha, não só antecipou o meu nome e morada, como a maioria dos ingredientes que utilizei. E andamos todos preocupados com a exposição pelo Facebook?

De pouco serve o diagnóstico se não se conhecer a cura

27.03.10, João Maria Condeixa

 

Pedro Passos Coelho lá ganhou e os próximos dias serão pródigos em posts sobre o tema. Enquanto não me debruço sobre o futuro do PSD e as suas implicações, opto pelo balanço destes dois últimos anos de Manuela Ferreira Leite que à frente do partido laranja chegou com o estatuto tatcheriano de ser uma dama de ferro para rapidamente o perder para um silêncio dos não inocentes. E se no princípio esse silêncio fazia sentido e perspectivava um estudo detalhado e debate profundo sobre as matérias, a longa espera fez com que se criasse um ruído ensurdecedor, não por MFL, mas pelo desespero de quem queria mais e exigia mais da líder de oposição. Foi então hora de soltar o que lhe ia na alma. E zás, num segundo se percebeu que MFL era Sol de pouca dura.

 

De gafe em gafe foi dando espaço a que vozes dentro do partido se organizassem para traçar um novo líder, lançando sobre si um "c.q.d." quanto à teoria de que estaria apenas de passagem. Sai da liderança sem deixar saudades, embora num único rasgo de sorte e honestidade tenha conquistado para si a reserva moral de detentora da razão. Traçou, como há uns dias o disse, o prognóstico correcto sobre o estado do país. Não "enganou o país" como José Sócrates e "por isso perdeu".

 

Eu acho que perdeu por mais, por bem mais, mas tiro-lhe o chapéu quanto a este aspecto.

No entanto, há que explicar porque perdeu. Primeiro, porque vinha já fragilizada para a luta e por muito certeiro que fosse o prognóstico, não seria suficiente para sobreviver. Mas perdeu, sobretudo, porque não sobe traçar a cura para o seu prognóstico. Nem por uma vez soube explicar como sairia deste cenário e poucas foram as vezes que ousou ser alternativa. Por outras palavras, nunca propôs a cura. E de que serve termos um Dr. House se ele depois não souber prescrever as doses de epinefrina que na dita série resuscitam pacientes?

 

Só por isso perdeu e só por isso se sentiu ultrapassada por Paulo Portas. Portas assumiu o papel de líder de oposição, não por berrar mais alto, ou por falar mais que MFL. Ultrapassou-a porque construiu uma alternativa ao PS e apresentou projectos que viriam a ser adoptados pela sua pertinência. Portas diagnosticou e vai propondo o remédio. Só por isso cresceu. E MFL vai ficar com o ónus de quem permitiu que isso acontecesse.

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