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República do Caústico

OE 2010 e um amadurecimento geral?

24.01.10, João Maria Condeixa

Gastar melhor. Esta parece ter sido a preocupação do CDS-PP na negociação do Orçamento de Estado para 2010. O país, talvez por estar demasiado preso às teias do bloco central, não está habituado a negociações,  mas a verdade é que elas fazem falta. Só assim se pode convergir num equilibrio, fora dos tradicionais sectarismos partidários, que promovam um objectivo comum: atravessar este período conturbado quanto antes. Acontece Europa fora em negociações ou até coligações entre vários partidos incluidos. Uns cedem, outros conquistam. Assim parece ter acontecido entre o PS e o CDS-PP.

 

Contas feitas, e é preciso fazer as contas, sempre que o CDS conquistou terreno por via da despesa, compensou apresentando uma proposta noutro sector por via da poupança e vice-versa.

 

Fez-me lembrar a postura sindical na Autoeuropa quando uma cedência aqui e ali permitiu uma conquista global e um objectivo atingido. As crises também poderão servir para um amadurecimento. E pelos vistos os exemplos vão surgindo.

 

Aguardemos mais pormenores, a abstenção está garantida.

A arte de criar notícia

23.01.10, João Maria Condeixa

Não deixa de ser curioso ver como uma notícia que deveria ser uma conquista da direita, do CDS-PP, uma vez que o projecto ontem aprovado é da sua autoria, se torna numa conquista do Bloco de Esquerda, liderado por Louçã, esse "virtuoso da política", como tendo sido a força parlamentar a quebrar o "vício" das negociações para o OE2010.

 

Se razões existissem para manobras do género, elas poderiam significar o reservar de margem para negociação e nunca uma traição à proposta inicial e Louçã sabe-o, mas só assim, com esta "malandrice", termo que utilizou, é que assegurava aparecer num trabalho que não foi seu.

 

Mas enfim, a ideia do CDS em majorar em 20% o subsídio de desemprego para casais desempregados lá avançou e a negociação para o OE2010 lá prosseguiu. O resultado é apresentado hoje à tarde.

 

 

José Cid entre gangs de Cascais

22.01.10, João Maria Condeixa

Dá para ver a cena: de um lado, um gang de betos, com camisas abertas até ao terceiro botão, risco ao lado e peito depilado. Nos pé uns sapatos-vela à maneira e pelos ombros (usam-no faça chuva ou faça sol) o pullover que a mãe lhes deu aos 16 anos. De mangas arregaçadas, com duas precisas voltas, cerram dentes para defender o ídolo rock-pop, autor de êxitos como "Favas com Chouriço" e "Como o Macaco Gosta de Bananas".

 

Do outro lado, carregados de ouro nos dedos que "roubarem" dos dentes do vizinho romeno que vive lá "no bairro", meia dúzia de andarilho-freek-o-nights, mais conhecidos por dreads dos tunnings, dirigem-se ao ídolo dos betos com perspectivas de o "gamarem", antes de o "xinarem", enquanto rasga dos subwoofers dos bólides de luzes negras um som do mais recente e ritmado reggaeton.

 

Resultado:

Os betos fugiram (foram chamar os amigos forcados) e o José Cid ficou sem o pastel!! Só espero, a bem da decência, que não lhe tenham roubado também o disco de ouro!

 

Citações do outro mundo

22.01.10, João Maria Condeixa

“o resultado final das experiências faz parte do plano de destruição norte-americano para o Irão, que consiste numa série de terramotos planeados para destruir o actual regime islâmico”.. Hugo Chavez, a propósito do terramoto do Haiti, in i

 

Foi este e o nosso de 1775. Na altura tudo com o propósito de acabarem com a Mouraria. E a verdade é que agora nem as marchas ganham!

Um segredo de justiça que mais parece fruta da época

21.01.10, João Maria Condeixa

As conversas da mesa do lado são sempre apetecíveis de ouvir, ainda que não nos digam respeito ou estejamos a interferir na privacidade dos outros. É da natureza humana ser coscuvilheiro. O que, provavelmente, faz com que algumas pessoas sejam mais humanas do que outras!

 

Se juntarmos a coscuvilhice à possibilidade de presenciarmos uma violação de segredo de justiça, como no caso das escutas que correm no youtube sobre "fruta da época", então criamos uma bomba explosiva. E quem as colocou, sabe disso, preparando-se para assistir de bancada ao julgamento em praça pública de Pinto da Costa e restantes intervenientes da história. Mas tanta facilidade é natural que dê ares de que isto do segredo de justiça seja mesmo uma "farsa". O termo não é meu e normalmente nem concordo muito com o registo do Bastonário dos Advogados, mas na verdade, um segredo de justiça que é violado tantas vezes começa a parecer a dita fruta da época!

 

 

O nascimento do Triatlo Moderno

21.01.10, João Maria Condeixa

 

Nunca fui grande fã de futebol, mas depois do dia de ontem talvez comece a ver. Ao que parece está para nascer uma nova espécie de triatlo: futebol, pugilismo e tiro ao alvo (pelos 30 penalties que foram precisos no porto-belenenses, diria que precisam de praticar)

 

PS- este novo equipamento do Sporting foi roubado à Madame Jonas, sem autorização. Pelo facto, as minhas desculpas...

Isto só lá vai com pastilhas para o enjoo

21.01.10, João Maria Condeixa

I've got a feeling que vou estar brevemente a destilar a dita música dos Black Eyed Peas por cada poro. Isto se até lá não a bolsar em pequenas porções todos os dias de manhã, tal vai ser o enjoo.

É o que acontece em Portugal a cada música minimamente decente e que se afigure como agitadora de massas. É ouvida até à exaustão. As rádios deixam de ter outras coisas para passar, os taxistas só assobiam aquilo, as discotecas fazem milhentas versões do mesmo som e os iPods aparentemente só têm memória para um artista, e eu, que até gostava das músicas antes de se transformarem em hinos, vou sofrendo!

 

Infelizmente, e sem agoirar, não vamos muito longe no Mundial, mas a verdade é que os meus ouvidos e estômago agradecem! E a música é boa...imagino quando for má!

 

 

Dinastias de rabo na boca

20.01.10, João Maria Condeixa

Pedro Lomba escreveu este artigo, rico no detalhe (ok, até pode ter esquecido outros exemplos) e na análise e sem medo de dogmas. Mas houve quem o acusasse de não ser um puritano da coisa. Vai daí, lança-se, e bem, a Isabel Moreira com uma resposta que me espantou pela nudez de facções (fosse ela assim noutros assuntos) e pela honestidade intelectual com que o fez.

 

Mas o subjacente, e que Pedro Lomba só levantou o véu, ficou ainda por discutir. O ciclo vicioso, a pescadinha de rabo na boca, que impera nas democracias e nos partidos políticos, da esquerda à direita é este: para conquistar um partido, e se for bafejado pela sorte e a arte, eventualmente, um país, há que começar por baixo, pela conquista de um clã. Mais tarde esse clã alarga-se às bases e com elas conquistadas, e movendo-se nas esferas dos baronatos ou das dinastias (e não falo só do PSD) talvez se chegue à presidência de um partido. Ora, quem lá chega não tem de ser necessariamente mau apenas porque não cheirou a sociedade civil, fora das escolas político-partidárias. Mas é pena, também a meu ver, que não tenha recolhido outras experiências. Mas sejamos honestos, nos dias que correm, onde a pressão e concorrência no mercado de trabalho é imensa, onde a ambição legítima de vingar não dispensa espaço para muitos mais, é expectável que haja tempo e dedicação suficiente para conquistar todo o mundo a montante antes de chegar a presidente de um partido enquanto se trabalha cá fora? Sim, há exemplos dignos desse esforço, dir-me-ão, mas caminhamos para que sejam a moda?