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República do Caústico

Auschwitz-Birkenau

31.01.10, João Maria Condeixa

  O caminho  

Ainda que nada, nem ninguém, consiga explicar o magnetismo, há anos que o destino estava bem marcado na minha vontade. E foi apenas com ela, um iPod e o depósito cheio que saí de Praga a meio da tarde e me dirigi ainda mais para Leste. 

Para trás ficara um mapa que só nos faz falta quando nos encontramos perdidos, já noite cerrada, algures na fronteira entre a República Checa e a Polónia. Fora da auto-estrada que fora cortada sem aviso prévio e depois de itinerários principais, os caminhos de cabras semi-asfaltados são a única via para nenhures. E não há vivalma que àquelas horas nos indique que a floresta negra, que se vai erguendo diante dos nossos olhos, tem limite conhecido. 

A vegetação vai-se adensando, as casas desaparecendo, as luzes evaporam e só a Lua permanece pendurada no tecto. Os ursos e lobos, esses, nem se mostram, assustados que ficam com a presença estranha no seu reino. Durante quilómetros a estrada vai-se afunilando e a gasolina também. Mas o ponto de retorno já fora passado há muito e apenas para a frente restava a solução. Nesses momentos, a arma contra o desespero humano reside numa gota de racionalismo puro que nos empurra para diante e não nos deixa acobardar. Mas "Estupidez" também serviria como sinónimo.

Sumido no fim do mundo prossegui a marcha até um muro de granito,  de aspecto soviético, que brotando do chão me dava a ler "Wodzisław Śląski". De tão aliviado que estava por ter visto obra humana, nem sequer me preocupei com a tradução e tão pouco me lembrei que aquela inscrição talvez me quisesse alertar que o mundo acabava ali. Mas não, o mundo acabava uns quilómetros mais à frente. (continua...)

 

 (Wodzisław Śląski)

 

Desemprego de hoje, praia de amanhã

29.01.10, João Maria Condeixa

Segundo os números mais recentes, uma em cada dez pessoas com quem me cruzo na rua está no desemprego. Na azáfama do dia-a-dia é raro pensarmos nas várias repercussões deste cenário e limitamo-nos a lamentar aqueles que passam privações mais acentuadas, esquecendo os danos que estes números causam no país.

 

Sempre que um emprego cai significa que houve uma empresa que perdeu a possibilidade de remunerar alguém para dela retirar mais valias. Por outras palavras, mais vale estar quieto. Sempre que uma empresa abdica de criar mais valia deixa de entrar na corrida e corre o risco de caminhar para uma marcha lenta. Ora como todos sabemos - não são só os Físicos - difícil é vencer a inércia, pelo que amanhã estes 10,4%, que hoje nos são apresentados, significarão a perda de toda uma geração. Uma perda de empregos hoje, uma perda de empresas amanhã, um país que não produzirá no futuro!

 

Vamos ter uma geração que nunca conseguirá voar muito alto como um todo e que, tirando raras excepções (sim a tendência será aumentar as assimetrias) passará de uma "geração rasca" para uma geração falida, ou "à rasca" como já alguém disse. Se a enquadrarmos numa competitiva globalização, então é natural que comecem a achar que o PS tem razão: mais vale transformarmo-nos numa estância balnear!

José Sócrates no país das maravilhas

29.01.10, João Maria Condeixa

 

Enquanto fã de Tim Burton continuo ansiosamente expectante pelo seu próximo filme "Alice no País das Maravilhas". Enquanto a sua visão da história não me chega, vou vivendo (or should I say sobrevivendo) as fantasias de um outro que também julga estar a realizar um País das Maravilhas.

 

Vem isto a propósito do debate quinzenal que está a acontecer na Assembleia enquanto escrevo. Ainda assisti a umas tiradas do nosso Primeiro-Ministro via Parlamento Global, mas depois, e embora o seu optimismo fosse paquidérmico, tive de sair, pois o meu administrador ainda não me paga para viver na terra das ilusões.

 

Mas deu para ver que José Sócrates continua a afirmar que a despesa prossegue controlada e que as derrapagens financeiras lhe foram totalmente alheias, tendo sido vítimas da crise externa (esta crise externa será o eterno bode expiatório da crise interna de contornos igualmente graves). Este José Sócrates, que vive nesse país das maravilhas, é o mesmo que apresentava défices de quase 6% quando havia, em tom de alerta, quem projectasse valores de 8% que entretanto se vieram a confirmar.

Mas ao contrário da Alice, enquanto se passeia pelo país das Maravilhas, o mundo lá fora continua e a prova está aí: ainda agora, enquanto discursava cheio de optimismo, saía o resultado do Eurostat: 10.4% de desemprego em Dezembro do ano passado....

É a isso que chamam reclamar o prémio?

29.01.10, João Maria Condeixa

Hoje comprei um talão de números ditados por uma máquina do Euromilhões na expectativa de ficar rico lá para as dez horas de sexta feira. Na hipótese remota do talão comprado ter defeito e não me sairem os números pelos quais paguei, aviso já que tenciono apresentar reclamação...

Um brinquedo tão revolucionário como o Che

28.01.10, João Maria Condeixa

O mundo parou para ver nascer o novo gadget da Apple: o iPad. Não entendo como algo entre um iPhone gigante e um computador portátil pode ser tão revolucionário assim. A mim cheira-me mais a operação de marketing que outra coisa, mas tenho quase, mas quase, a certeza que no metro de Lisboa e nos autocarros da Carris a moda vai pegar.

 

Somos bons, mesmo muito bons, a adoptar as tecnologias que Steve Jobs vai lançando, muito embora o cenário económico, já de si dantesco quando apresentado pelos nossos optimistas governantes, insista em derrapar ainda mais.

 

Aconteceu no iPhone e no iPod: nas mãos da peixeira que ainda com escamas agarra no varão do autocarro da Carris vai sempre um extraordinário e multifuncional (para quê?) telefone. Nos ouvidos do puto reguila que anda a tirar más notas, quase próprias da idade, um iPod novinho em folha dado como presente por mau comportamento. E o iPad (iPadeira de Aljubarrota se fosses viva terias um!) está destinado a ser um campeão de vendas em Portugal ainda que custe os olhos da cara, seja pouco prático de carregar e metade dos portugueses não saiba sequer o que é um e-book ou tão pouco leia!

 

Mais novidades sobre o brinquedo aqui

 

John Rabe

28.01.10, João Maria Condeixa

 

Cheguei agora do cinema. De um festival de cinema Alemão que tem lugar no S. Jorge. Julguei que ia ver outro Schindler e que isso me iria parecer mal. Mas não, há espaço para mais do que um, tal como na história houve espaço para mais do que um. Mais tivessem existido!

 John Rabe é uma história verídica e é um bom filme. Recomenda-se...

Justo seria um Nobel para cada português..

27.01.10, João Maria Condeixa

Vieira da Silva diz que o Governo merece um Nobel só pelas dificuldades que irá atravessar. É mais um a aderir à ideia de que os prémios Nobel se ganham, não pela conquista alcançada, mas sim pela expectativa gerada ou pelo desafio que enfrentam.

O último exemplo foi Obama. Vieira da Silva absorveu o espírito da coisa, mas se ele e Teixeira dos Santos continuarem neste ritmo, quem irá merecer 2 Nobel, um globo de Ouro e mais uns quantos prémios ainda vai ser o meu filho. E apenas por ter nascido!

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