E a ditadura da mentira?

Enquanto as revoltas não dão a volta ao Mediterrâneo e chegam a Portugal para o povo começar a reclamar uma mudança de rumo - tenho essa leve esperança que isso aconteça antes da vinda do FMI - resta-nos ir assistindo com cara de muito parvos às diarreias que cada um vai tendo sobre o Egipto - também gosto do serviço público que a RTP está a prestar ao chamar-lhe Egito - e os seus restantes vizinhos.
É bom perceber que todos sabem imenso sobre aquela zona do globo e os regimes que por lá se respiram, quando até há bem pouco tempo a Tunísia era apenas uma estância de férias, o Egipto um enorme sarcófago a visitar - que muitos desconheciam ser uma ditadura - e a Jordânia e a Síria meros vizinhos de Israel, um com uma rainha gira e o outro com um armamento digno de registo.
Deixem de se armar em especialistas e em Nuno Rogeiros de segunda categoria - o que tem mais piada é que a maioria até gozava com o seu excesso de opinião antes dele se recolher - e passem antes para os assuntos internos. Ou já se esqueceram que por cá as coisas também estão a arder e que este mês já se começou a sentir a redução salarial e o aumento de impostos, o corte no dinheiro disponível para o consumo e consequente falta de circulação de moeda que, em conjunto com a falta de crédito para as poucas empresas produzirem, rebentará com a nossa saudável economia, tudo para alimentar a monstruosidade de uma despesa que teimosamente continua sem querer emagrecer, enquanto o vosso PM apregoa as 7 maravilhas do seu reinado com todos os ministros de que dispõe aterefados a inaugurarem escolas na tentativa quase alcançada de fazer esquecer os protestos - mais um, but who's counting? - na educação?
Isso, preocupem-se muito com os de fora e qualquer dia temos um a imolar-se na Praça da Figueira e só aí é que se vão lembrar que por cá imperava a ditadura da mentira.