Blindados em saldo
A suspeita foi lançada quando o carácter de urgência invocado para sustentar o ajuste directo dos blindados deixou de fazer sentido e foi inclusive chutado para segundo plano pelo Ministro da Segurança Interna. Afinal não fazia mal que os novos blindados não estivessem na NATO. A Cimeira tinha terminado, nem sequer um vidro fora partido, mas tínhamos a Cova da Moura, a Zona J de Chelas e a Quinta da Marinha em Cascais como bairros problemáticos a justificar a sua aquisição. Ninguém questionou então, se afinal não existira tanta pressa, porque não se recorreu antes a um concurso público.
Mas hoje querem romper o contrato com base no atraso da entrega. Agora que se vislumbra essa hipótese descobre-se que nem a história dos bairros problemáticos era a valer. A Quinta da Marinha volta a ser um bairro de betinhos e a Cova da Moura um bairro controlável.
Mas e se para além da simples trapalhada e incompetência isto tiver servido alguém? É que com estas andanças os blindados desvalorizam. A cláusula "por motivos de força maior" iliba governo e empresa a quem adjudicaram os blindados de cumprir com a sua parte, e em "saldos" - condizendo com a época - podem ser vendidos mais barato para África. Algures no processo alguém absorve a desvalorização - e eu quase que aposto quem! - e no fim, alguém saiu por cima, tendo ficado com blindados mais baratos do que é costume. Eu sei que isto pode parecer uma teoria rebuscada de conspiração. Mas ao invocarem, sem necessidade, a excepção para o ajuste directo, deram espaço para este tipo de leituras. Provem-me o contrário, sff e tratem de explicar tudo isto bem explicadinho aos contribuintes.