Efeitos positivos da crise
O mundo vive de mitos urbanos e foi um deles que levou a que António Costa Pereira tivesse de recorrer a partidos políticos, Governo, Presidência da República - de quem durante dois anos levou sopa e não foi sobras - para pôr em prática a sua ideia de distribuir as refeições sobrantes de cantinas e restaurantes pelos mais necessitados. Dizia-se que isso não era possível por causa da Lei de Saúde Pública e do seu braço armado, a ASAE. Afinal, não era bem assim e até esses se mostraram disponíveis para promover e pôr em prática tão simples gesto, mas que demorou anos a concretizar-se.
Foi preciso vir a crise para a coisa andar. De repente passámos de um encolher de ombros para uma prioridade nacional. Em Lisboa a Moção do CDS-PP vingou em sessão de Assembleia e de Câmara. Cavaco já se pronunciou e não tardará para que a ideia se estenda a todas as autarquias do país. Pelo meio ficou a ideia socialista de criar uma "agência" para controlar e zelar pela operacionalidade da coisa - imagino quantos administradores, directores e amigos não levaria -. Felizmente os tempos vão sendo outros e houve quem falasse mais alto e conseguisse livrar o projecto das mãos sorvedouras e inoperantes do Estado Central para o colocar mais próximo do terreno e de quem tem capacidade para o fazer, quase sem custos.
Cabe agora às Câmaras e Juntas de Freguesia darem o apoio necessário e mostrarem que o aumento de autonomia lhes assenta que nem uma luva, tal como reclamam. A ver vamos. Há quem bem precise. A António Costa Pereira um sentido obrigado! Portugal precisava de mais cidadãos do género.