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República do Caústico

Peças em queda

14.11.10, João Maria Condeixa

A pressão sobre aquela primeira peça de dominó era imensa. Há meses a fio que o PS aguentava um executivo trôpego, incompetente, desnorteado e descredibilizado sem que transpirasse uma gota de desunião. Sei bem que os empregos, cargos e favores, sobretudo em época de crise, são o cimento perfeito para que essa coesão permaneça, mas desta vez o PS estava a exceder-se a si próprio e a durar tempo de mais sem que uma voz crítica se destacasse.Como se nada à sua volta se passasse. Como se nem sequer Sócrates ou Teixeira dos Santos - pelo menos estes dois - estivessem a conduzir o país para o caos.

 

Mas esta semana o leilão e os juros da dívida pública acima dos 7% - aquela meta traçada por Teixeira dos Santos para, como com todas as outras, não respeitar - fizeram com que Vieira da Silva o viesse desautorizar. Ah, mas não é a primeira vez que o fazem! - dirão. É verdade. Mas foi a primeira vez que Teixeira dos Santos disse que atiraria a toalha ao chão, e que a partir desse número, recorreria ao FMI, rasgando o seu contrato de líder financeiro do país e que, por sua maior culpa, passaria essa responsabilidade para uma entidade terceira, externa, fazendo uma interregno à soberania de Portugal. E desautorizar um Ministro de Estado e das Finanças, quando este questiona as condições para se manter no lugar, varre por completo - interna e exteriormente - a solidez e credibilidade de um governo.

 

Ora isto foi o milimetro de mercúrio que faltava para a primeira peça de dominó cair. E aqueles socialistas que menos agarrados estão ao poder - por independência de carácter ou por estarem numa posição superior ao actual executivo - começam agora, paulatinamente, a soltar algumas discordâncias. Luís Amado, foi um dos primeiros. Outros somar-se-ão. Depois é esperar.

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