Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

República do Caústico

Europa: entre China e EUA sem almoços grátis

09.11.10, João Maria Condeixa

Enquanto o presidente chinês reunia com Sócrates e prometia ajudar Portugal a recuperar da crise económica, a Primeira-Dama Chinesa passeava por Lisboa. Com a sua comitiva trataram de comprar tudo o que viam, com especial carinho pelo artesanato português que irão seguramente copiar, replicar, produzir a melhor preço e tornar a sua importação extremamente apetecível. Por isso, não estranhem se o próximo Galo de Barcelos que virem numa loja Lisboeta disser "Made in China".

 

Com esta brincadeira quero apenas dizer que cada um tira o que pode destes encontros. Nem Portugal, nem China nasceram ontem e comprar dívida pública não é ainda um desporto nacional chinês, nem um dos mandamentos de caridadezinha de bairro fino de Pequim, pelo que é um negócio como outro qualquer, não devendo por isso ser visto como uma parte da salvação nacional, nem, por outro lado, como um acto vampiresco.

 

A China aproveitar-se-á das fraquezas dos países para se impulsionar o mais que possa. E o seu peso mundial, depois da crise, pisará severamente os calcanhares aos EUA que, apertado na sua posição de líder mundial, usará as instituições que partilha com a UE, como por exemplo a NATO, mais do que a sua capacidade financeira, para manter a sua hegemonia.

 

E a Europa, enquanto anciã da diplomacia, tirará, da relação competitiva EUA vs CHINA que, como há tempos disse Obama, moldará o Séc XXI, tantos outros dividendos que agora não estamos a medir. Afinal, quem está a aproveitar-se de quem?