(Pre)conceitos da República
Não me dá especial prazer ver pessoas a chafurdarem em misturas de conceitos. Sobretudo pessoas cultas e vectores de formação. Mas face à pergunta "o que é para si a República?" é só o que tenho visto. Dizem que República é "liberdade", esquecendo que em 100 anos dela, 48 foram de ditadura. Que é "liberdade de expressão", esquecendo que, mesmo fora da ditadura, muitos foram os momentos em se brindou a opinião adversa com uma bala luzidia ou com o jugo do poder. Que é "desenvolvimento", esquecendo ou não querendo ver, que tantos países monárquicos caminham em direcção ao futuro sem os mesmos obstáculos ou complexos que nós. Que foi o "fim dos parasitas", não vendo que alguns dos titulares da nobreza estavam assim para a Monarquia, como estão hoje empresas e tachos públicos para a República.
Enumeram todos estes substantivos, esquecendo que por si só a "República" não é nenhum deles e que ainda que tenha uma boa ajuda, pode sempre vir a falhar, redondamente, a sua missão.
Um Republicano, tal como um Monárquico, não pode ser desprovido de bom senso e reclamar para o seu modelo qualidades que não lhe são exclusivas.
Até porque para os Republicanos poder ser representado por alguém que não é mais, nem menos que outros e acreditar numa sociedade em que nenhuma família, muito menos por direito divino - Deus tem muito mais que fazer! - é mais do que qualquer outra e que caso alguma vez uma família assim se comporte - a Soares vai-me odiar! - sabe que pode contar com um boletim de voto para a fazer regressar ao seu lugar, devia ser quanto baste! E que só por isso já devia viver a República. Simples.