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República do Caústico

Dos estilhaços dos telhados de vidro

27.07.11, João Maria Condeixa

Envolto em trabalho, não tenho tido muito tempo para teclar. Nem sequer para comentar a recente vitória de António José Seguro. Imagino que já muito tenha sido escrito - imagino, pois nem os outros consigo ler como gostaria - mas ainda assim não podia deixar de escrever uma coisa óbvia que serve para o passado e o futuro.

 

Os anticorpos que se levantam contra carreiristas políticos, mais concretamente, contra rapaziada das jotas, são, muitas vezes, pedradas atiradas bem alto que só mais tarde caem sobre telhados que se tranformaram em vidro. Explico, mas não sem antes ressalvar que, embora o percurso faça o Homem político, nem por isso assenta a todos da mesma forma, muito menos como mácula. Mas adiante:

 

Teve a sua piada ver que aqueles que acusaram Passos Coelho de jotinha carreirista, de estratega do silêncio e de paciência calculista - ao aguardar que a sorte lhe batesse à porta, sem que desse provas noutras áreas - tenham sido os mesmos que elegeram António José Seguro para líder do partido, cujos atributos conhecidos são, segundo dizem, semelhantes.

 

Os estigmas que se colocam condicionam os nossos próprios movimentos. Daí que, para a política, como para tudo na vida, sejam de evitar, mesmo que os hábitos de alcoviteirismo e maldicência falem mais forte. Quanto mais não seja porque nos podem vir parar estilhaços às pernas..

Diário de um turista na Palestina I

18.07.11, João Maria Condeixa

 

Companheir@s,

 

Belém é turístico. Experimentem antes Ramallah ou Jenin e vão ver que os sorrisos são igualmente generosos do lado Palestiniano, mas apreensivos por parte dos tropas Israelitas que lá estão. É que os senhores não têm especial prazer em fazer esse papel. Cumprem a defesa do seu território com uma M-16 a tiracolo e isso não dá especial prazer a ninguém. Ainda para mais quando têm o dever - provavelmente único no mundo - de defender o seu território ao mesmo tempo que recebem diariamente o inimigo no seu âmago para trabalhar, estudar ou apenas transitar.

 

Muitas famílias palestinianas têm o seu único ganha-pão no lado Israelita e os soldados imberbes - fica tão mais fácil passar a ideia de lavagem cerebral, doesn't it? - não lhes bloqueiam a vida como qualquer exército faria ao seu inimigo. Mas isso vocês não vêem!

Experimentem apanhar um autocarro dos verdes para Ramallah ( o 21 serve) e acompanhem um estudante palestiniano a tirar o curso em Jerusalém numa faculdade Israelita. Mas isso vocês não vêem! 

 

Antes do muro, as mortes na estrada por apedrejamento eram superiores às dos bombistas e o muro resolveu de forma não intrusiva esses dois problemas: o das pedras e o das bombas. Bem sei que aquele cimento todo assusta qualquer europeuzito de meia-tigela (a mim intimidou e não sou especialmente a seu favor) mas também não deixa de ser um "mundo ao contrário!": em vez da potência atacar, prefere fechar-se e proteger-se construindo um monstruoso casulo!

 

Experimentem comprar algumas coisas em Ramallah ou ir ao cinema em Jenin e perceberão que a matéria-prima foi fornecida pelo outro lado. Mas isso vocês já não vêem! Ou que um senhor de Jenin foi capaz de doar os órgãos do seu filho a gentes israelitas, coisa que vocês e a vossa ferocidade toda parecem nunca vir a ser capazes de fazer.

 

Experimentem atravessar num carro com matrícula israelita todo o território palestiniano sem que vos martirizem ou passem a receber pior por causa disso. Experimentem, e verão que deixarão o registo sensacionalista de algo que não é assim tão assustador. E só vos ficava bem, pois o efeito que provocam e patrocinam não é seguramente o da pacificidade por que anseiam.

O dilema do fim-de-semana

16.07.11, João Maria Condeixa

 

Quando as semanas são esgotantes o fim de semana é programado para o máximo descanso. O plano é simples: relaxar da falangeta do dedo grande do pé à ponta do nariz. Anything else is too damn much!

Só que depois, quando o fim-de-semana termina, a retrospectiva que dele fazemos é desoladora: não aproveitámos convenientemente os únicos dois dias que temos para espairecer.

A liberdade também serve para termos dores de cabeça, não pensem. Ainda assim, prefiro-a a ela, se não se importam..

Um rating de comportamentos

14.07.11, João Maria Condeixa

Agora que todos percebem de economia e sabem, tão bem, avaliar os comportamentos das agências de rating, parecem esquecer-se que nos pusemos a jeito ao gastar para lá das nossas capacidades e ao ignorar a necessária estruturação da economia - foi mais apetecível assentar tudo em frágeis tijolos de serviços que nasciam que nem cogumelos -.

 

Não quero dizer que as agências não revelem um comportamento tendencioso, mas não podemos agora preferir tapar o Sol com a peneira e falar da federalização da União Europeia e de outras "refundações paradigmáticas" que a UE tem de sofrer ou de estratégias concertadas e de teorias de conspiração, para adiar ou ignorar, mais uma vez, aquilo que temos todos de fazer: mudar o estilo de vida.

 

Quando a vontade de mudar está emperrada, todas as adversidades são úteis aliados. E, ainda que as agências de rating possam estar num ataque concertado, não podemos esquecer que há quem as queira neste papel. Sempre ajudam a ficar tudo na mesma..

Uma Siglolândia

09.07.11, João Maria Condeixa

 

Portugal é uma Siglolândia! Vive embrulhado em siglas e nele é rei, quem souber o seu significado, propósito e dotação orçamental!

 

É que por cá há Conselhos Nacionais para tudo e mais alguma coisa - que a bem dizer até podiam ser o CNPTEMAC -, Institutos para aquela e a outra área - conhecidos como os IPAEOA - , Comissões para isto e para aquilo - as CPIPA - as Confederações que representam aqueles todos - as CQRAT -, as Agências deste mundo e o outro - as ADMEOO - mas que todas juntas, e a avaliar pelo resultado presente, ou têm aconselhado mal, ou não tem sido ouvidas, ou então limitam-se a dar eco à meia dúzia de ideias originais que pontualmente chegam das bocas dessa outra catadupa de analistas e entendidos - quase tantos quantos as siglas deste país - que pululam na televisão.

 

Quando não se sabe, cria-se qualquer coisa deste género. De preferência com participação daqueles a quem já nos habituámos a pedir a opinião, pelo que o resultado prático será: mais do mesmo! E por aí se vai esvaindo parte dos orçamentos, quer o Geral do Estado, quer o das suas "comparticipadas" sem que nenhum, ou pouco, resultado inédito seja alcançado.

 

PS - Este post padece da defeito da generalização. Mas só assim se percebe o emaranhado em que Portugal vive sufocado.

BE e PCP: enTrichetrados na irresponsabilidade

08.07.11, João Maria Condeixa

O murro na mesa de Trichet resulta do compromisso que Portugal estabeleceu com a troika e da ousadia de ter ido "mais além". Ficou-nos bem essa proactividade e colhemos aliados importantes ao ponto de aparentemente se atravessarem.

 

Fosse a alternativa do BE ou do PCP a imperar e eu gostava de saber a que porta bateriam para tirar o país do "lixo" ou que caminho "orgulhosamente sós" seguiriam. 

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