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República do Caústico

Pelo reino de David

30.01.11, João Maria Condeixa

(fotografia tirada no Planalto de Masada- Out 2010)

É raro conseguir falar de imediato sobre uma viagem. Tenho primeiro de as mastigar e ganhar-lhes distância para as compreender e depois falar sobre elas. Dirão: "ah, mas eu quando vou na excursão atolhado de rapaziada amiga falamos logo sobre o que estamos a ver e não sinto nenhum desses constrangimentos existencialistas de meia-tigela. E chegado a Portugal é um debitar de fotografias e narrar de histórias intermináveis e gargalhadas entre uns e outros sobre aquilo que se passou!" Pois, talvez em grupo e excursão organizada, assim seja. Mas por isso é que eu viajo sempre sozinho e sem planos de maior previamemente pensados. A única certeza: o aeroporto em que aterro e donde levanto voô para regressar.

Com o Médio-Oriente não foi excepção e só agora, volvidos 4 meses é que percebi por onde andei, o que senti e donde me vem a vontade de lá voltar. Quer isto dizer que está na hora de pôr a escrita em dia:

 

Aterrar em Tel-Aviv tem toda aquela carga de expectativa de quem saiu da Europa - esse jardim dos fundos de casa dos nossos avós que nos é familiar - mas à qual somamos a expectativa de estarmos prestes a visitar um território carregado de histórias de conflitos armados, medidas de segurança no extremo e códigos de comportamento daí resultantes muito diferentes dos nossos. Expectativas essas, que não saem defraudadas. Quando chegamos ao Ben Gurion - Aeroporto de Tel Aviv -  muito embora a organização seja totalmente ocidentalizada, a decoração e qualidade das infra-estruturas seja totalmente europeísta e a multidão de pessoas tenha feições semelhantes às que estamos habituados, somos invadidos pela apreensão de quem não está acostumado a cruzar-se de 10 em 10 metros com militares armados de M-16 a tiracolo. São baixos, robustos, seráficos e sisudos. E é a uma dessas personagens, por sinal uma rapariga bem gira de uniforme mas com cara de quem nunca perdeu a jogar "ao sério", que temos de explicar, bem explicadinho, a razão da nossa visita. Ela com facilidade relativa - eu também tinha feito a barba e não tinha aquele ar de Mouro que a rapaziada do Porto insiste em me atribuir - lá nos deixa passar e dá-nos acesso ao bafo respirável, embora tremendamente quente, de Israel!

 

Pronto para dar início à aventura..

 

(continua)

Era o que faltava: fazer um caso político de um caso político!

28.01.11, João Maria Condeixa

Esta oposição anda doida. Veja-se, que de um problema num processo eleitoral, quer agora retirar ilacções políticas e responsabilizar o ministro da tutela em vez de apurar as dificuldades técnicas que o causaram. Silva Pereira que é esse ser iluminado é que sabe: a oposição podia perfeitamente juntar-se e investigar porque razão o undersnipe não manteve o linkage de acesso ao router no dropdown do vote em download consecutivo de eleitores armados ao hacker do pingarelho. Podia fazê-lo mas preferiu esse caminho turtuoso, baixo e sujo de pedir responsabilidades àquele que as tem - o que em Portugal além de raro, até já devia ter sido proibido e constitucionalmente definido como "no can do". -

 

Essas atitudes excêntricas deviam ficar reservadas para o gigante russo - que no dia seguinte ao atentado do aeroporto de Domodedovo demitiu os responsáveis - ou para esses meninos de coro britânicos que se demitem do governo por durante o seu mandato à frente do News of  the World - um jornal da terra - terem sido feitas escutas ilegais. Nós não somos assim..

Coisas que me divertem..

26.01.11, João Maria Condeixa

...ver o PCP extremamente indignado por o governo ter recebido o Ministro dos Negócios Estrangeiros Israelita quando já mais que uma vez convidou as milícias da FARC para virem bailar ao Avante!

 

É mais um caso de indignação selectiva para juntar ao da Ministra da Educação que, esquecendo o que o próprio governo fizera meses antes numa acção de propaganda do seu ministério, se mostrou revoltada com a presença das criancinhas na manifestação dos caixões! Portugal vive cheio de memórias selectivas..

Das presidenciais para o caso Casa Pia

25.01.11, João Maria Condeixa

De balão em balão de oxigénio José Sócrates lá vai permanecendo como um sempre-em-pé, que quando está prestes a ficar por terra regressa à vertical, parecendo contrariar a lei da gravidade. As distracções são muitas e em número igual aos erros, trapalhadas e desnortes do governo. E a cada uma que se dá, parece haver um reset pelo meio que surpreendentemente começa tudo de novo. Fazendo, como numa espécie de ataques pontuais de Alzheimer, com que todas essas falhas governativas sejam esquecidas em vez de irem acumulando. E isso leva a que nem a crise passe, nem o FMI venha, nem a gente almoce.

 

Agora que tinham passado as presidenciais e que íamos voltar a discutir política e o estado do país regressa o Caso Casa Pia? Alguém que marque a página onde íamos, sff...

Votos de protesto

24.01.11, João Maria Condeixa

Não acredito que ninguém no seu perfeito juízo tenha votado em José Manuel Coelho com vista à sua eleição e tenho a ideia que a grande maioria dos votos de Nobre lhe foram atribuídos, não por lhe reconhecerem capacidades para o cargo, mas por personificar uma candidatura fora do sistema.

 

No fundo foram dois canais de votos de protesto que somados representam 18.6%, ou seja, 782 482 votos. Se a estes somarmos 4.26% brancos e 1,93% de nulos, ficamos com 1.028.000 votos de protesto, ainda que alguns nulos sejam de monárquicos. Um milhão e 28 mil eleitores (!) a reclamarem melhores políticos e políticas, o que num universo de 4.489.904 pessoas que foram votar representa 23%.

 

Com uma abstenção a bater recordes e a posicionar-se nos 53,37% e 23% de votos de protesto já descritos, não devíamos estar a falar no estado de saúde da democracia - como já é hábito e se tornou cliché - mas sim no estado de saúde político daqueles que trabalham sob a sua égide. É que a primeira está viva e recomenda-se, agora os seus protagonistas, esses, definham a cada acto eleitoral que passa. Sinal de que há uma geração por acabar. Só espero que não tenha feito escola..

Acabe-se com o recenseamento, já!

23.01.11, João Maria Condeixa

Esta trapalhada toda com os cartões de cidadão traz-me à memória aquela história anedótica dos inventores que queriam criar qualquer coisa tecnológica que escrevesse debaixo de água. Enquanto uns puxavam pela cabeça e resolviam integrais, derivadas e equações complexas, outro foi pelo caminho mais fácil e lembrou-se do lápis. Sim, a grafite escreve debaixo de água, pasmem-se!

 

O recenseamento eleitoral e o método por nós utilizado lembra-me os primeiros cientistas. Sob o culto da burocracia tudo inventamos para complicar as coisas. Verdadeiro simplex - já que fazem tanta questão de darem nomes pomposos às coisas - seria aos 18 anos transformar automaticamente todo e qualquer cidadão em eleitores de pleno direito e dever - que já existe - e abdicar-se do cartão, nº de eleitor e registo de cidadão para esse efeito. Assim, com a mera apresentação do BI - ou Cartão de Cidadão - qualquer um poderia votar na sua área de residência.

 

Eu sei que assim estamos todos mais "contadinhos" e controlados e que estatisticamente o número de abstencionistas não é tão expressivo, mas esse é para o lado que durmo melhor. Ando farto de engenharias e sem paciência para burocracias. Acabe-se com o recenseamento, faxavor!

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