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República do Caústico

Pão: sem sabor e mais caro

30.07.10, João Maria Condeixa

 

Domingo desce o teor de sal no pão - lá se vai o sabor por imposição sanitária - e num futuro breve será o sal da minha carteira - do latim salarium - a desaparecer com a subida dos preços dos cereais para valores históricos a reflectir-se no pão.

 

O gigante Russo já tinha anunciado a seca e a previsão de menos 7 milhões de toneladas de trigo, mas a falta de produção na Comunidade Europeia, mais a retracção dos produtores que aspiram finalmente em conseguir o preço justo pelo cereal e a expectativa de se poder vir a repetir a venda de Trigo subsidiado à Rússia, carregando de nervosismo a bolsa de Chicago, está a fazer com que a entropia nos mercados entre no red-line e o preço venha a ser em grande parte suportado pelo consumidor. E eu aqui continuo, a comprar cereais no meio de todo este furacão que se avizinha. Já o Sal, esse fugirá pelos dois lados!

A verdade vem sempre ao de cima (2)

30.07.10, João Maria Condeixa

Demorei quase 24 horas a - resignar-me talvez não seja o melhor termo - aceitar que todos os imbróglios e suspeitas que me passaram pela frente nos últimos 6 anos seriam de descartar, pois a investigação e o Ministério Público tinham clarificado tudo e se não encontraram nenhum fundamento é porque lá não existia.

 

Fi-lo por crer naqueles chavões do estado de direito, dos direitos fundamentais, na presunção da inocência, na separação de poderes, e por querer acreditar numa justiça que, ainda que lenta que dói, seja ceguinha de todo.

 

Fi-lo, embora reconhecendo que o Ministério Público por vezes parece brincar em serviço e, que aparentemente, prefere viver numa tenda de circo que deixa entrar e sair quem quer, o que quer, mesmo quando não quer, do que numa caixa forte selada e surda-muda.

 

Fi-lo, contrariado, até que cheguei à tarde de ontem e me deparei com a falta de tempo do MP para interrogar Sócrates e o continuar da novela que deixará para sempre sob suspeita aquele que eu acho que tem demasiados rabos-de-palha por justificar e explicar, mas que a justiça no dia anterior dera como livre de encargos.

 

Percebem agora quando digo que "mais depressa os portugueses irão suspeitar da justiça, do que confiar neste ou naquele resultado com que Sócrates se venha congratular"?

O optimismo é uma coisa do caraças

29.07.10, João Maria Condeixa

A Telefónica é chefiada por rebanhos de idiotas, de estratégia nada percebe e comprou a Vivo apenas por teimosia, só pode!

 

Do que percebi das declarações dos nossos governantes e principais intervenientes na PT afinal o que é bom é a Oi - ao que parece andámos enganados e enganámos agora os espanhóis - e o gigante espanhol vai para o mercado brasileiro fazer turismo e ver as oportunidades passarem, tal é o crescimento que os portugueses idealizam para a operadora agora adquirida.

 

Não fosse a golden share e esta oportunidade nunca teria surgido. O Financial Times, sobre Sócrates, já tinha alertado que estávamos perante um "optimista inveterado"!

A verdade vem sempre ao de cima

28.07.10, João Maria Condeixa

O Sócrates que ontem se dirigiu aos portugueses é um cidadão com demasiados rabos de palha para, politicamente, - a sua declaração é política - sustentar aquelas palavras. Poucos são já os que acreditam na política feita por aquele homem, ainda que ele se livre de todos os freeports da sua vida.

 

A verdade vem sempre ao de cima. E a Sócrates não lhe resta credibilidade para governar, a verdade é essa. Mais depressa os portugueses irão suspeitar da justiça, do que confiar neste ou naquele resultado com que Sócrates se venha congratular.

A velhice é uma chatice

27.07.10, João Maria Condeixa

 

Não sei como estarei quando chegar a velho. Se a minha genética não me trair, o mais certo é, por herança paterna, aparentar menos 10 anos do que na verdade terei, transbordar de saúde e por isso viver, sem obstinação, mas com simpatia, em busca de uma qualquer maleita grave que nunca me há-de apanhar.

 

Na nossa sociedade já não é bem assim. A necessidade - que nalguns casos até deveria ser vista como um direito - em envelhecer, é grande. No caso do meu pai, que como disse me cravou com os seus genes dominantes, nem é por isso. É apenas um defeito de educação familiar que deu a todos os seus irmãos a pretensão de serem médicos de si próprios na cura de uma doença única: a hipocondria não obsessiva. Buscam, sem se queixarem muito, algo que os atormente no futuro.

 

Mas no resto da sociedade portuguesa, sobretudo nos grandes centros urbanos, a necessidade em envelhecer e padecer de algum mal é por demais evidente. É a única alternativa que têm para se fazerem notar. Para dizerem que existem. Para que alguém, desprovido do respeito por um ser mais experiente e velho, nutra, pelo menos, alguma compaixão pela alma que, em fim de forças, se quer apenas sentar no autocarro, se quer despachar apenas mais depressa numa fila de supermercado ou que precisa da atenção de um filho a quem deu muito e do qual agora pouco recebe.

 

Os mais velhos têm dores que não sentem, mas que acusam para ver se neles reparam. E a culpa desse queixume, dessa espécie de defesa cobarde, dessa desculpa trapaceira, egoísta e infantil, não é deles, mas de quem perdeu o respeito por eles e não os vê.

 

PS - este post serve de remissão por não ter cedido o meu lugar numa fila a uma velhinha, que manifestamente me parecia exagerar as suas dores só para passar à minha frente. Por não ter percebido logo o que aqui escrevo, deixo as conclusões para que outros possam antecipar comportamentos melhores que o meu. Já basta, como escreveu o meu avô materno, a velhice ser uma chatice.

Política de espanador

23.07.10, João Maria Condeixa

Passos Coelho, admitiu ontem à noite, tal como o Adolfo Mesquita Nunes aqui bem enunciou, que pelo menos todo o burburinho criado servira para separar as águas. O PSD precisava de espaço e mexer na CRP, mesmo que tenha sido apenas para abrir a roda naquelas noites em que a pista parece lotada, foi a ferramenta ideal. 

 

Pedro Passos Coelho vai ser Primeiro-Ministro e o que esta semana disse vai acompanhá-lo até ao governo. E quando o confrontarem com a necessidade de reformas profundas, mesmo que levem a convulsões sociais, vai poder dizer que não as poderá nunca aplicar por serem inconstitucionais.

É genial: levanta hoje pó, sem intenções de o limpar, deixa-o pousar e fará dele a sua melhor desculpa: "eu, há uns tempos, avisei e tentei!".

Notícias que não se podem mostrar a Sócrates

22.07.10, João Maria Condeixa

Gold makes dead portuguese dictator top investor

Former dictator Antonio de Oliveira Salazar might have been remembered as Portugal’s best investor had central bank rules allowed the country to benefit from his shrewdest trade: Europe’s biggest gold pile.

[...]

The 382.5 tons of gold that Portugal holds are valued at about $14.7 billion, or 6.8 percent of GDP after converting into euros[...]Portugal had 866 tons of gold in 1974, when the dictatorship of Salazar and his successor Marcelo Caetano ended.

Por enquanto, estamos salvos pela lei, mas nunca fiando. O melhor é ninguém dizer a Sócrates que o temos.

 

Euro passes stress test as debt panic ebbs

Europe may already have passed its biggest stress test.

The euro has rallied 8 percent from a four-year low last month. Greece, Spain and Portugal have managed to sell 50 billion euros ($64 billion) of debt since May 10, when the need to save the single currency forced finance ministers to create a nearly $1 trillion rescue fund and European Central Bank President Jean-Claude Trichet to begin buying bonds.

Ainda que a Europa se comece a encher de esperança, falta-nos a nós resolver a nossa crise, por isso nada digam a Sócrates, não vá ele extrapolar com previsões de euforia, bardar com o fim da crise como fizeram há uns meses, ou pior: rearrancar com elefantes brancos que ainda não se sabe muito bem em que ponto ficaram. Nada lhe digam antes que ele avance de novo com o TGV!

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